É atribuída a Oscar Wilde a expressão «aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.» E ela veio-me à mente, quando ouvi a esdrúxula intervenção de Fernando Curto, conhecido cacique que fez da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais a coutada preferida para dar satisfação ao seu exagerado ego. Nesse sentido compete com Jaime Marta Soares, que tratou de conseguir paralela sinecura à frente dos Bombeiros Voluntários. Um e outro gostariam de ser chamados a cargos para que se julgariam predestinados, mas nenhum governante lhes encontrou talento bastante para que tais pretensões encontrassem cabimento. Daí que, desrespeitando o tremendo esforço dos que combatem o incêndio de Monchique, consideram tudo mal organizado: se não têm como argumento a falta de meios criticam quem estabelece a estratégia e a implementa, como se fossem capazes de fazer melhor face á imprevisibilidade com que os ventos sopram. E, no caso de Curto, até se julga suficientemente importante para exigir que Eduardo Cabrita o receba, como se nestes dias o ministro não tivesse mais que fazer do que aturar quem nada lhe vai acrescentar à resolução dos problemas com que se debate. Uma vez mais verá frustrada a ambição de avisar amigos e familiares para que vejam como bem fala para os jornalistas à porta do ministério onde desejaria ser recebido.
Os Curtos e os Soares, que se costumam manifestar nestas ocasiões, e encontram fácil tribuna nas televisões ávidas de sensacionalismo, lembram os urubus, que sobrevoam as tragédias e delas se alimentam. Com uma diferença: as referidas aves desempenham uma papel primordial na limpeza da Natureza. Ao contrário, os seus émulos humanos apenas poluem um ambiente mediático já com tão pestilento cheiro a sarjeta, que é exalado de uma imprensa apostada em pôr em causa a performance governamental.
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