O enorme incêndio de Monchique dificilmente poderia ter sido evitado tendo em conta as temperaturas, a força do vento e a orografia, que explicam a sua deflagração, sem esquecer uma cobertura florestal em grande parte constituída por eucaliptos. No entanto, apesar de terem sido destacados meios substanciais para o combaterem, não tardaram a aparecer oportunistas sem escrúpulos, que aproveitam a tragédia para a mais hedionda politiquice.
Em texto anterior já esteve em causa o lamentável protagonismo de Fernando Curto, que preside a uma associação sindical dos bombeiros profissionais. É altura de debruçarmos a nossa atenção sobre outro abjeto personagem cuja natureza mentirosa ficou demonstrada ao longo do dia. Chama-se Emílio Vidigal e tratou de criar uma associação destinada a colher subsídios onde quer que eles pudessem ser requeridos, fazendo-se eleger presidente como forma de também ir colhendo aqui e além o seu quarto de hora de glória me(r)diática.
Ao começo da manhã o Público trazia para a primeira página a sua denúncia em como o incêndio de Monchique nunca teria tido tão grande dimensão se o governo não tivesse congelado há sete meses um seu projeto para o ordenamento florestal na Zona de Intervenção de Perna da Negra. Pouco depois o Secretário de Estado Miguel Freitas veio denunciar que, não só o projeto em causa dizia respeito a um financiamento europeu para o qual a documentação exigida - os estatutos da Associação e a ata da eleição dos seus dirigentes - não estava conforme com o exigido, como a própria proposta era clara na data em que se passaria à sua concretização: fevereiro de 2019.
Acusado de faltar à verdade, Emílio Vidigal veio fazer finca-pé nas mentiras, mas ninguém ignora o seu oportunismo num concelho cuja autarquia laranja anda demasiado calada quanto às responsabilidades, que lhe cabem por não ter agido mais proactivamente na prevenção das condições para evitar o sinistro. Como é próprio do tipo de arrivistas, cujas práticas replica, o Vidigal atua no sentido de alinhar estrategicamente com quem manda no seu município, acreditando ser mais facilmente apoiado nos seus vis intentos.
Nesse Barlavento Algarvio ainda há muita gente que anda com enorme azia relativamente a quem passou a governar o país a partir de 2015, razão porque não foi difícil aos repórteres televisivos encontrarem eleitoras histéricas a dizerem cobras e lagartos de quem lhes estava a salvaguardar as vidas e os pertences.
Não sabemos se o efémero delator virá a receber os subsídios com que promete atirar uns bitaites para um melhor ordenamento do caos florestal de Monchique, mas será bom que o governo dê particular atenção à forma como os dinheiros públicos possam vir a ser despendidos por quem agora demonstrou tão indigna conduta...
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