1. Embora os números indiciem que existem mais queixas sobre situações de racismo e xenofobia no ano em curso do que no transato, essa constatação pode ser positiva por corresponder a uma maior propensão das vítimas em exercerem o direito a serem defendidas de energúmenos que, antes da aprovação da atual lei, escapavam mais facilmente às consequências dos atos e se ufanavam da sua impunidade.
Porque queremos um país mais justo só podemos congratularmo-nos com essa tendência para as vítimas de atos hediondos não calarem as humilhações ou as agressões a que se sujeitam, exigindo a devida punição dos trogloditas, que as terão provocado.
2. Com a aprovação da lei de proibição de abate de animais nos canis públicos, a Assembleia da República definiu um período de moratória de dois anos para que as autarquias em causa preparassem a concretização do cumprimento do então decidido.
Acreditando que ainda estamos no tempo em que as leis são aprovadas, mas não significam que devam ser cumpridas, muitas dessas autarquias nada fizeram no sentido de recolher e esterilizar os cães e gatos sem dono, alheando-se do que pudesse vir a acontecer.
Agora barafustam, porque imaginam os munícipes atacados por matilhas de animais sem dono, que tentarão saciar a fome mediante comportamentos agressivos. E ficam escandalizados, porque, muito corretamente, os deputados não lhes prolongam ad eternum a moratória de termo quase concluído.
3. Há um coronel reformado, de nome Tinoco Faria que, de quando em quando, tem sido notícia pelas piores razões, porque representa a continuidade da Brigada do Reumático no tempo de Marcelo Caetano.
Sempre que vê motivos para organizar almoços ou jantares de desagravo contra supostas afrontas a militares fascistoides aí o temos na primeira linha, invariavelmente com o discurso hipócrita de tais eventos não significarem o que são.
O pretexto mais recente tem a ver com o afastamento de um coronel do Regimento dos Comandos, sob cuja responsabilidade foram feitos os exercícios que provocaram a morte dos jovens recrutas.
Como a desculpabilização do presumível motivador de tais mortes não lhe chega, o Tinoco também decidiu homenagear o fundador da Associação de Comandos, um tal Vitor Ribeiro, que, além de ter participado no contragolpe fascista do 25 de novembro de 1975 - depois «moderado» por Ramalho Eanes e pelo Grupo dos Nove - foi determinante para dar a muitos dos que pertenceram àquele corpo militar, conhecido pelos piores crimes na Guerra Colonial, uma saída profissional sob a forma de musculados seguranças em salas de divertimento noturno da capital com o que isso implicaou de ligação direta ao crime organizado.
O país dispensa bem estes Tinocos que, se nunca foram confrontados com a vertente criminosa do ideário político, bem merecem continuar a ser vigiados, porque a Democracia é sempre algo que lhes provoca uma fétida azia. Nós não precisamos de Balsonaros de sotaque luso...
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