sexta-feira, 16 de março de 2018

Um crime, que revela o medo sentido pelos seus comanditários


A execução de Marielle Franco é a melhor demonstração da ilimitada capacidade dos senhores do capital em abandonarem os escrúpulos, quando sentem quanto o tapete lhes anda a fugir debaixo dos pés. No Rio, em São Paulo ou no Recife os que arranjaram forma de correr com Dilma do Palácio do Planalto para lá colocar a marionete Temer sentem quão frágil é a possibilidade de manterem os miseráveis acorrentados às suas grilhetas.
Bombardeiam-nos com fluxos ininterruptos de desinformação, agitando a Venezuela como papão. Procuram destilar-lhes o ópio das mensagens cristãs, evangélicas e outras que tais com que se conformem com a pobreza. Caricaturam o exercício da Justiça até ao extremo de criarem um processo a Lula, que nenhum tribunal digno desse nome aceitaria como viável, mas quase por certo suficiente para o impedir de concorrer a novo mandato presidencial. Metem os militares nas ruas para matarem os jovens das favelas, sejam ou não delinquentes. Matam políticos corajosos que se lhe oponham.
A classe dirigente brasileira continua a nada aprender com a História do passado. Também nos tempos de Castelo Branco se julgavam capazes de eliminar as esquerdas de Roraíma ao Rio Grande do Sul, do Pernambuco ao Acre, mas, mesmo assassinando grandes líderes como Marighella, nunca conseguiram vencer a resistência dos que insistem em dizer não. Assim como, mesmo na dita Democracia, jamais abafaram o Movimento dos Sem Terra, apesar de lhes matarem um dos seus mais conhecidos defensores - Chico César.
A Natureza ensina-nos que os predadores ficam particularmente enraivecidos, quando se sentem com medo. A sua venalidade cresce na proporção do pressentimento de se sentirem ameaçados de extinção.
Marielle Franco foi trágica vítima a somar-se às milhares, por quem os povos se têm enlutado, quando anseiam pelos tais futuros radiosos, que Marx e outros ideólogos formularam como possíveis, conquanto por eles combatam. E quase sempre esses lutos revigoram a indignação, aumentam a vontade dos que a tinham como inspiradora para prosseguirem a luta com determinação mais substantiva. Os muitos milhares que se manifestaram em protesto contra o crime quiseram expressar isso mesmo: os que a mandaram matar não sabem o que os espera!

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