quarta-feira, 28 de março de 2018

Quem ganha com a atual campanha anti russa?


Ouvindo-se governantes ocidentais e russos, opinadores pró-NATO e anti-NATO, sujeitamo-nos a um chorrilho de disparates, que não esclarecem algumas questões essenciais: a primeira tem a ver com as provas do suposto atentado contra Skripal que continuam por aparecer. Os argumentos britânicos cingem-se a meras especulações. Que não passam disso mesmo. Até o insuspeito Jaime Nogueira Pinto - com quem quase sempre discordo! - punha bem a questão nestes termos: quem é que ganha com tudo isto? A menos que tivesse enlouquecido - algo que por certo não aconteceu! - Putin só sairia prejudicado da autoria decisória de tal situação.
No «Público» a guerreira (de penas murchas) Teresa de Sousa atira com outra razão: Putin andaria a enganar-se sucessivamente em relação ao que presume virem a ser as reações internacionais aos seus supostos ataques ao Ocidente. É claro que a jornalista está sempre na primeira fila dos entusiastas da Guerra Fria, mas alguém no seu juízo pode imaginar que Putin cai em erros de palmatória como os que afiança ele incorrer?
Essa segunda questão, que coincide com o habitual raciocínio de Hercule Poirot quando se põe a exercitar as suas famosíssimas células cinzentas, é quem tem a ganhar com este caso. E as respostas imediatas são óbvias: Theresa May, em primeiro lugar, cuja frágil liderança pode consolar-se com o colinho de tantas nações amigas. Mas também os países bálticos, a Polónia e o governo de Kiev, todos eles sempre apavorados com a possibilidade de verem os tanques russos, ou quiçá os  recentes mísseis indetetáveis nos seus escudos, a caírem-lhes em cima. Igualmente beneficiada com esta «crise» a enorme quantidade de burocratas da NATO, que escaparam de se verem obrigados a procurar outras vidas, quando a organização deveria ter imitado o Pacto de Varsóvia na extinção, e se manteve à custa da criação de novas guerras por procuração, que só têm agravado a vida de milhões de pobres vítimas, supostamente socorridas pelos batalhões por ela enviados. E há ainda Trump, que precisa de se livrar dos comprometimentos mais do que suspeitos com quem o ajudou a ganhar a Hillary e encontra na pose de super-herói antirrusso a vistosa capa sob que se pretende esconder.
Tem, pois, toda a razão o nosso governo, quando se exclui de seguir os «aliados» em decisões precipitadas, que terão expetável ricochete. Ademais, ao contrário do histérico Rangel ou do tonto Santana Lopes, há quem não esqueça a providencial ajuda da Rússia na eleição de Guterres como secretário-geral da ONU contra a própria Angela Merkel, que pretendia impor uma búlgara do seu partido europeu.
Por mim aguardo com antecipado gáudio a resposta russa, que doerá a sério a quem decidiu acompanhar os ingleses nesta campanha, que poderá perfeitamente ter o selo do MI5. Sobretudo se a imprensa norte-americana começar a ser alimentada com quanto possa derrubar mais facilmente o bufão da Casa Branca, se efetivamente tiver sido verdadeira a presunção da concertação momentânea de interesses, que resultaram na decisão eleitoral de novembro de 2016. Os próximos dias prometem ser animados.

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