Num dos textos mais pertinentes, publicados em jornais neste fim-de-semana, avulta o de Manuel Carvalho da Silva, que aborda a crise existencial por que passa a social-democracia nestes dez anos mais recentes e se tem saldado por sucessivas derrotas. Hoje, da Grácia a França, da Holanda a Itália, os que se reclamam da social-democracia têm sido condenados à irrelevância, não parecendo de forma alguma capazes de retomar fôlego e voltarem a dar prova de vida.
A alternativa ás receitas neoliberais, que aumentam desigualdades e promovem injustiças, que não se restringem ás de rendimentos, entre os que tudo querem abocanhar e todos os demais, tem residido em movimentos xenófobos, entusiastas seguidores de réplicas do ideário fascista. Daí que o antigo líder da Intersindical e hoje respeitado professor catedrático - cujo currículo para tal ninguém pode contestar! - escreva com pleno sentido: “a social-democracia europeia não conseguiu ou não quis interpretar objetivamente a nova situação, acentuou contradições genéticas e, desde aí, caminha de recuo em recuo subjugada a medos decorrentes do irrealismo do compromisso que tem com forças conservadoras: entrega da finança e da economia aos mercados, e atribuição aos estados da missão de assegurar as políticas sociais, em parte com o Estado a financiar e os privados a executarem.”
E logo constata que esses sociais-democratas nada têm aprendido com as consequências desastrosas da sua deriva ideológica em direção aos valores indisfarçáveis das direitas disponibilizando-se para manter uma rota errática, que só redundará em mais clamorosos desastres: “As mensagens que chegam do topo da UE, nomeadamente pelas vozes sociais-democratas mais relevantes, prosseguem reclamando "mais Europa" numa espécie de obsessão pelo abismo. Continuam teimosamente na fuga para a frente, indiferentes ao que vem de baixo, expresso nos protestos contínuos dos cidadãos e nas suas opções de voto, como agora em Itália.”
Sobram, no entanto, exemplos mais do que suficientes para demonstrar que a resposta é outra, fundamentando-se no abandono dessas cumplicidades equívocas com o outro campo ideológico e a assumpção plena das virtualidades das propostas socialistas para dissociar os eleitorados dos argumentos demagógicos e redondamente falsos dos que intentam coartar-lhes os propósitos reivindicativos através de bodes expiatórios ainda mais miseráveis do que se sentem num futuro, que a uns e a outros parece excluir.
António Costa em Portugal, juntamente com os seus parceiros parlamentares, os jovens apoiantes de Corbyn ou Bernie Sanders ou quantos enjeitam a atual coligação governativa alemã, por continuar a prender os tais sociais-democratas aos ditames de Angela Merkel, são a melhor evidência, que a resposta está em mais e melhor Socialismo, devolvendo ao Estado o seu papel dinamizador e regulador da economia das nações.
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