Quando se quiser perspetivar a diferença entre um governo de direita e um de esquerda, o exemplo do Hospital do Senhor do Bonfim, em Vila do Conde, pode ser dado como elucidativo. Inaugurado há três anos trata-se de uma instituição privada pertencente ao empresário Manuel Agonia, que se veio agora queixar do risco de o fechar, por não estarem a ser cumpridas as promessas de financiamento das suas atividades pelo governo anterior.
A lógica desse investidor é a comum à da maioria dos que mostram a sua veia empreendedora segundo a regra de ver os investimentos beneficiados com lucros só para os próprios, porque havendo prejuízos, deverão ser «democraticamente» distribuídos pelos contribuintes através dos subsídios estatais.
Para o patrão de tal Hospital de pouco importa que os clientes pagantes não sejam suficientes para lhe garantirem os almejados proventos. A culpa está em quem deveria canalizar recursos do Serviço Nacional de Saúde para que essas expetativas se cumprissem. Já não é só o célebre raciocínio de um histórico dirigente do CDS para o qual «quem queria saúde teria de a pagar», porque o cabisbaixo queixoso considera que deverá ser o Estado a colmatar-lhe os prejuízos do seu azarado investimento.
Mas, voltando ao início, teremos dúvidas em que, se Passos Coelho tivesse continuado à frente dos destinos do país esse Hospital apresentaria lautos proveitos ao seu proprietário? Não aconteceria assim com outros Agonias, que apostariam em negociatas semelhantes em que parecendo oferecer um chouriço às respetivas comunidades, teriam a certeza de, através de governo amigo, conseguirem ficar com o porco todo?
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