Em entrevista ao «Público» o novo Secretário de Estado das Florestas defende um princípio, que deveria significar uma lapalissada, mas que, infelizmente, não o é: os bombeiros devem ter tanta ação no combate aos fogos como na sua prevenção. Quem melhor senão eles para prepararem as áreas sob a sua influência operacional e nelas minimizarem os riscos de incêndio? Tendo em conta os lobbies poderosíssimos ligados a tais corporações não se adivinha fácil essa possibilidade de polivalência dos bombeiros em sapadores florestais.
O recurso ao senso comum mantém-se nessa entrevista, quando Miguel Freitas defende ser preferível não ter floresta a ter má floresta. O que deveria óbvio até mesmo para as empresas que fizeram plantios de eucaliptos por todo o interior, mesmo sabendo-se como a sua rentabilidade por hectare é bem menor do que no litoral, onde é possível garantir um ordenamento do território e melhores acessos a meios de proteção e prevenção. Mas também aqui se antevêem conflitos com a Navigator a ameaçar a troca do território nacional pelo da Galiza para prosseguir com o seu projeto de transformar a paisagem natural em eucaliptais sem fim.
Mas, porque extintos os fogos, valerá manter o assunto na ordem do dia para equacionar muitas das falácias espalhadas por estes dias, o mesmo jornal ainda traz as declarações de Rui Silva, presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Voluntários (ANBV), que confirma o que já se adivinhava: o dinheiro pago pela Autoridade Nacional de Proteção Civil para alimentar os bombeiros que combatem os fogos é desviado sem que ninguém controle a sua aplicação. E a falcatrua inclui a declaração de um maior número de operacionais do que os efetivamente espalhados pelo terreno. Daí que aquele responsável exija um efetivo controle das faturas pagas pela ANPC de forma a que elas correspondam, de facto, àquilo que pressupõem: alimentar convenientemente quem combate os incêndios.
Sem comentários:
Enviar um comentário