Nunca fui entusiasta de existência de Ordens Profissionais embora me tenha visto obrigado a pertencer a uma para exercer a profissão de engenheiro, enquanto estive na vida ativa. Se em certos casos admito a importância de quem, dentro das respetivas classes, zele pela deontologia dos seus membros, não deixo de considerar essas instituições como reflexos da lógica corporativista, que enfeudou os fascismos europeus ao longo do século XX.
Mas se podem ser tipo melhoral - não fazerem bem, nem mal - as Ordens podem converter-se em coisas meio grotescas como a atual bastonária dos Enfermeiros está a querer demonstrar. Que a senhora tem um umbigo particularmente avolumado, já o sabíamos, quando a vimos ganhar equívoca notoriedade com afirmações polémicas de que logo teve de se retratar. Que a sua forma de gerir a Ordem tem sido bastante contestada, também o fomos sabendo por informações de ex-parceiros, que a acusaram de muito saber da arte de melhor defender a partição de bolos em proveito próprio. Que é militante do PSD e como tal interessada em politicamente fazer o que o seu partido não consegue, também o sabemos, mostrando agora uma «fibra reivindicativa» jamais conhecida enquanto foi Passos o primeiro-ministro.
Por isso tudo compreende-se que, fundamentado em pareceres bastantes para demonstrar a ilegalidade da conduta da referida senhora, o Ministro da Saúde mostre a intenção de a deixar partir os dentes numa luta para a qual está a fugir-lhe o tapete debaixo dos pés.
Elucidativa não deixa de ser a mãozinha que Marcelo parece querer dar-lhe como se, perante o Governo e quem contra ele age ilegalmente e injustificadamente, o Presidente considerasse benéfica a sua «intermediação». Entre a Lei e a sua violação não há lugar para paninhos quentes. Que deixe a senhora escorregar de vez, é o que se lhe pode desejar.
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