Continuo sem qualquer dúvida quando, meses atrás, afirmei a preferência por Emmanuel Macron contra Marine Le Pen, porque simulacros de Democracia serão sempre preferíveis a projetos fascistas. No entanto não alimentava qualquer ilusão quanto aos interesses representados pelo novo presidente, depois de Manuel Valls não ter conseguido cumprir o objetivo a ele incumbido de alterar a legislação laboral no sentido mais favorável aos patrões. A saída precoce de Macron do governo «socialista» sinalizava a pretensão de substituir a marionete, mas manter a peça em cena.
A luta que está a decorrer hoje em França é contra relações de trabalho cada vez mais desajustadas entre patrões e trabalhadores, limitando o mais possível os direitos destes últimos. O que se está a passar com o dono da PT é um pequeno exemplo da falta de escrúpulos assumida pelo patronato francês para maximizar a exploração. Não admira, por isso mesmo, que Cavaco Silva tenha feito de Macron o seu guru, secundado mais ou menos explicitamente pela gentalha do Forum para a Competitividade, que se assustam com a possibilidade de reversão de muitas alterações promovidas na legislação laboral portuguesa durante o período da troika.
O que as velhas receitas de Macron demonstram é o fim das ilusões para os que ainda julgam possíveis as receitas sociais-democratas tão promotoras da concertação de objetivos e equilíbrio de distribuição de rendimentos entre Capital e Trabalho. Estamos numa nova fase em que o patronato não teme pôr em causa as mais elementares regras democráticas para impor os seus ditames.
Aos trabalhadores resta serem efetivamente Socialistas e utilizarem as regras de uma luta de classes sem punhos de renda. Sob pena de saírem depenados, sem empregos ou precarizados, enquanto vão assistindo ao enriquecimento obsceno dos plutocratas, que tudo farão - até golpes de Estado habilidosos como no Brasil - para garantirem o aumento dos seus bens.
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