A participação nalgumas ações de campanha no concelho de Almada tem-me demonstrado uma inesperada evidência: a atual maioria comunista sofre de uma usura, que torna possível uma profunda alteração no equilíbrio de forças existente nos órgãos autárquicos desde a Revolução de Abril. Sem retirar o mérito a importante obra feita, os atuais executivos da CDU na Câmara e na maioria das freguesias esgotaram as competências e a vontade, gerindo o território, que lhes tem cabido, com a inércia de um movimento cada vez mais travado pelo atrito do cansaço e das circunstâncias.
O que a Inês de Medeiros, o José Ricardo, a Sandra Chaíça, a Maria d’Assis, a Cátia Quintela ou o Pedro Matias personificam nas suas propostas políticas para a Câmara e as diversas freguesias de Almada é um novo entusiasmo e saber para solucionar os principais problemas identificados e sentidos no dia-a-dia pelos cidadãos. Não admira que no contacto com eles seja permanente essa vontade de mudança, que replique nestas eleições os resultados habitualmente colhidos nas legislativas, onde o Partido Socialista se tem assumido como a principal força política apoiada pelos votantes. Sintam-se os abstencionistas tentados a manifestarem pelo voto esse desejo de tudo mudar e a probabilidade disso acontecer multiplica-se.
Uma política de proximidade, que crie nos munícipes a sensação de terem quem os ouve e se apreste a ajudá-los a resolver os seus problemas mais complicados, a requalificação dos espaços degradados e onde a qualidade de vida mais se ressente, a valorização do património edificado e cultural passível de atrair uma parcela significativa dos fluxos turísticos, que se andam a congestionar na margem norte do rio, e a facilitação da capacidade empreendedora de jovens e menos jovens de forma a diluir a condição de dormitório da capital, justificam esta confiança em como Almada pode ser bem melhor.
Se estivéssemos noutras áreas geográficas nacionais a prioridade seria sempre a do combate ás políticas autárquicas das direitas que, até pelos seus valores ideológicos subjacentes, mais prejudicam as populações do que as beneficiam. Em Almada, e em muitos outros concelhos, onde a CDU se instalou como se o território de todos fosse só seu, está em causa a prevalência de alternativas para quem, de alguma forma, o poder absoluto perverteu.
Poderá tratar-se de um sério abanão, que desperte quem se amodorrou e precisa de ser espicaçado a fim de retomar o que tem de melhor na sua génese, mas poderá chegar-se a uma outra dimensão da mudança: aquela em que com programas ambiciosos, mas exequíveis, se comprove a superior capacidade e competência de quem, numa outra perspetiva de esquerda, concretize a melhoria efetiva da vida de quem aqui vive.
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