Há uma dezena de dias o dirigente do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza publicou na «Visão» um texto muito interessante sobre o passo seguinte que pode ser trilhado pela atual maioria parlamentar: depois de ter dado uma machadada no tal «arco da governação», que dava invariavelmente o poder sempre aos mesmos, António Costa pode sugerir consensos com as direitas a respeito das obras estruturantes para além de 2020, mas dificilmente encontrará nelas atitude construtiva e vontade séria de participar no necessário consenso nacional.
Daí que proponha o fim do que chama o «arco das obras estruturantes», abrindo às esquerdas a discussão sobre os grandes projetos transformadores do país na próxima década. Na sua fundamentada perspetiva “quem teve a coragem de operar o óbito do arco da governação deve agora operar o óbito do arco das “obras estruturantes”. Mantendo-se este, o outro regressará mais cedo do que tarde. As “obras estruturantes” com financiamento europeu têm sido o principal suporte da captura do Estado por interesses privados, seja pela via das parcerias público-privadas seja pelo financiamento chorudamente derrapado de obras para alimentar grupos empresariais amigos. O “arco da governação” é a forma política deste ambiente. Este é o tempo para pôr fim a ambos. As esquerdas devem trazer para este combate precisamente o que trouxeram para o combate contra o arco da governação: alternativas de política e demonstração de que o arco das obras estruturantes não é uma inevitabilidade aritmética mas sim uma escolha política de quem o promove.”
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