Uma das principais questões, que se vem colocando na política europeia dos nossos dias, é a de saber como se pode combater o populismo protofascista, que tem colhido inquietante dimensão em sucessivas eleições, desde a Áustria à Holanda, da Finlândia à Hungria, da França à Alemanha.
Em Portugal o episódio André Ventura, em Loures, promete acabar mal, mas nele se testa a possibilidade de, seguindo-lhe os passos, as direitas conseguirem apoio eleitoral, que lhe anda a escassear mediante a apresentação tradicional das suas propostas políticas.
Nas semanas mais recentes temos tido o privilégio de acompanhar as candidaturas socialistas aos órgãos autárquicos do concelho de Almada e elas comportam a resposta mais sábia para impedir que a serpente consiga sair do ovo. Ela reside na efetiva proximidade com os eleitores, mesmo os que se dispersam pelas zonas menos densas do território municipal e dando uma especial primazia aos que sentem os custos mais elevados da progressiva letargia de quem o tem gerido há décadas.
Têm sido constante as queixas sobre a ineficácia da CDU à frente do concelho e das suas freguesias, permitindo que a limpeza se degrade e a segurança seja descurada. A única exceção é a da Costa da Caparica onde a ação determinada do socialista José Ricardo mostrou a viabilidade de alternativas conducentes a uma efetiva melhoria da qualidade de vida da população. É que, a exemplo do proposto pela Sandra Chaíça na Caparica & Trafaria, pela Cátia Quintela no Laranjeiro, pela Maria d’Assis em Almada ou pelo Pedro Matias na Charneca da Caparica, os candidatos socialistas não enchem o programa de promessas de pressão sobre o governo ou outras instituições do Estado para que sejam elas a investir e concretizar aquilo que as vereações comunistas identificam como necessárias.
O que está consagrado nos programas desses candidatos às freguesias e de Inês de Medeiros à Câmara é a assumpção do cumprimento desses objetivos através da sua efetiva intervenção. Os recursos até virão de programas europeus ou do Programa de Estabilidade, seja ele o atual ou aquele que já se começa a delinear para ser implementado depois de 2020, mas ninguém no seu juízo pode acreditar que, sem a efetiva liderança e coordenação dos autarcas eles cheguem a bom porto.
Nenhum candidato socialista perspetiva a possibilidade de delegar em qualquer outro, dos concelhos vizinhos, a defesa dos interesses dos munícipes almadenses, como parece constituir a cultura da vereação, que vê agora concluído o seu mandato com as eleições do próximo domingo.
As efusivas manifestações de apoio aos candidatos socialistas, onde quer que se dirigem por todo o município, permite acreditar num excelente resultado, tão só decresça o abstencionismo e a vontade de mudança constatada no terreno se reflita em votos nas urnas.
Se há quatro anos a vitória do Partido Socialista na Costa da Caparica abriu caminho para a afirmação de uma política inovadora, sempre próxima da interação com os munícipes, este escrutínio de 2017 poderá resultar numa mudança decisiva para o futuro de quantos pretendem que Almada possa ser bem melhor.
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