Não fosse a crónica de Rui Tavares fazer-me o desenho e teria desconhecido o teor do texto de Maria João Avillez no «Observador», que tanto entusiasmara Cavaco Silva a ponto de fazer dele remate da preleção aos petizes perante ele dispostos em Castelo de Vide.
Afinal, quando há dias propunha aqui a abordagem psiquiátrica de Passos Coelho ou de Paulo Rangel esquecia-me de a alargar um conjunto de delirantes personalidades, que estão a revelar sintomas adoidados cada vez mais preocupantes como se todos tivessem passado por uma festa laranja onde lhes tivesse sido servido algo de muito estranho. Imaginar a ladina jornalista aterrorizada com o assédio intelectual de hostis esquerdistas, tão só ousa proclamar o que nem às paredes deveria confessar, é tão anedótico, que nos faz pensar naquele tipo de tios como o do miúdo do Amarcord de Fellini, usualmente pacato, mas que perdido o controle, era capaz de se pendurar no topo das árvores a exigir una donna!
É com estes orates, que Passos se vê rodeado e deles reflete os pensamentos, que julgando assisados se revelam desesperantes para os que, no seu campo, tentam manter algum comedimento. Dois deles têm andado nas colunas do «Público» a carpir o seu escasso discernimento (é o caso de Manuel Carvalho numa crónica do dia 6) ou a recomendar-lhe completa mudança de direção (vide João Miguel Tavares na véspera!). Sem sucesso, porque a liderança laranja não se livra dos efeitos da tal presumível festa alucinogénia e continua a ver a realidade pelo filtro do seu alterado estado de apreciação.
Mas, outros à direita, vão tentando suprir essa falta e este início de semana começou com Miguel Sousa Tavares, logo acolitado por Henrique Monteiro, a quererem que todos pagassem IRS de forma a valorizarem os serviços proporcionados pelo Estado. Demagógica, a proposta poderia fazer bom caminho, porque quem não está isento é logo impelido a revelar aquela invejazinha tão pródiga numa certa arte de ser português. Lembra, porém, Daniel Oliveira, com toda a razão, que ganhar-se-ia muito mais em obrigar os foragidos fiscais a cumprirem aqui com as suas obrigações. Mas para com eles os Tavares e os Monteiros não se mostram assim tão preocupados. Conquanto carreguem nos mais pobres, nos que não ganham sequer o mínimo para viverem com dignidade, sentem-se muito mais justiceiros. Essa pulsão para ser forte com os fracos diz muito sobre a personalidade de tal gente.
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