terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O Último Príncipe Vermelho

«O Último Príncipe Vermelho», o documentário que Anthony Dufour dedicou a Kim Jong Un em 2015, merece ser visto com a mente aberta de quem desconfia de todos os maniqueísmos e não se deixa iludir pelas análises estereotipadas comummente associadas a tão singular sociedade asiática.
O que os vários testemunhos dos entrevistados deixam perceber é a aparente intenção do jovem presidente mudar muitas das regras impostas pela propaganda a ele associadas, apostando numa maior transparência e proximidade com os seus concidadãos.
Ademais, mesmo quem de lá fugiu mais recentemente reconhece já pertencerem ao passado os tempos da grande fome, que causou a morte de 105 da população no tempo de Kim Jong Il. Há maior produção de alimentos e abertura  para que jovens estudantes passem algum tempo em Singapura, na China, no Vietname e até no Canadá, e ganhem as competências para uma evolução semelhante à suscitada por Deng Xiaoping na China de há quarenta anos.
É claro que sem as armas nucleares, o regime não sobreviveria, mas fica a suspeita de se tratar de ferramenta para ganhar tempo para uma mudança capaz de assegurar a sobrevivência do regime. E não se duvidem das capacidades científicas dos norte-coreanos não só na energia nuclear, mas também na cibernética.
No final do filme aqui proposto, fica-se com a sensação de se cumprir uma vez mais o que Mark Twain dissera a propósito da sua morte: é notícia assaz exagerada.
  

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