1. As malfeitorias praticadas pela equipa de Passos Coelho nas Finanças no que diz respeito à Caixa Geral de Depósitos deveria ser matéria de opróbrio, que não se conseguisse descolar de tal gente,
Desde os boicotes sucessivos para que ela desmoronasse por falta de iniciativa em recapitalizá-la, sob a alegação de não ser autorizado pelas instituições europeias, até ao escamoteamento das imparidades nela acumuladas, demonstra uma sucessão de práticas bastantes para desqualificar definitivamente os seus protagonistas do serviço público, a começar pelas funções de carácter político.
Mas como a falta de vergonha continua a ser-lhes característica indissociável, Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e seus secretários de estado por aí continuarão a perorar contra tudo quanto o governo de António Costa tem feito para salvaguardar a sobrevivência de uma instituição, que eles tanto procuraram degradar para entregar a mãos privadas.
2. O Bloco de Esquerda parece interessado em pressionar o governo, sobretudo na questão da renegociação da dívida, ameaçando implicitamente novas votações ao lado das direitas para colocar em xeque os parceiros de maioria parlamentar.
Nesta altura os Montenegros e os Morgados devem estar a esfregar as mãos de contentes por se verem instados a dar tratos à imaginação para criarem dificuldades a António Costa com votações passíveis de congregar tão absurda aliança.
Desconfio é que certos eleitores do Bloco deverão ficar atónitos com o comportamento errático dos seus dirigentes. Para a maioria qualquer associação às direitas deveria constituir uma espécie de linha vermelha a jamais atravessar. Sobretudo se, quanto à suposta pedra de toque para separar as águas, as palavras de António Costa a sugerir a dependência da renegociação da dívida das eleições alemãs só para o fim do verão, só revelam a sua expectável sensatez.
Nadir Afonso
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