1. O esforço de democratização do conhecimento reafirmado por António Costa na sua mensagem de Natal retoma as apostas anteriormente implementadas por António Guterres e José Sócrates na educação e confirmam os socialistas como os que verdadeiramente põem esse objetivo como um dos eixos primordiais da governação.
Trata-se de uma mundividência completamente oposta à de Passos Coelho e das direitas em geral, que continuam a ver como solução para o país a sua bangladeshização, concorrendo com os países asiáticos pela produção de produtos de pouco valor acrescentado. Por isso foi permanente a ladainha sobre os elevados custos do trabalho no período entre 2011 e 2015.
Mas, a exemplo do que aconteceu com a anterior experiência socialista não se podem deixar de fora os que, ainda em idade ativa, estão subqualificados para os empregos em que produzem aquém dos necessário, ou não encontram quem os contrate com as atuais competências.
Tendo na altura vivido a experiência muito enriquecedora de muitos dos meus colaboradores na empresa que então dirigia, se terem disposto a melhorar e validar as suas competências, concluí o quanto foi para eles motivador esse desafio inicialmente visto com alguma desconfiança. Vi-lhes aumentada a autoestima e a vontade de, alcançada uma meta, sentirem-se galvanizados a seguirem para a imediatamente acima.
Infelizmente o governo das direitas acabou com o programa das Novas Oportunidades e eles não puderam evoluir como pretendiam.
Agora, até pela necessidade de que essa camada de trabalhadores acompanhe a acelerada transformação das nossas atividades produtivas, importa não os deixar para trás. Até porque vimos pelas eleições americanas, o que sucede quando os trabalhadores de indústrias ameaçadas pela globalização, ficam entregues a si mesmos, sem esperança nem orientação.
É, pois, obrigação das esquerdas que, através do programa «Qualifica» e seus sucedâneos, dar resposta à apetência pelo conhecimento que a maioria dos portugueses mostram se devidamente instigados para tal.
2. O nosso atento amigo Jaime Santos comentou, e corroborou em grande parte, o que aqui tinha escrito sobre a descida da TSU para os patrões. Eis o seu texto:
“Sim, se existisse verdadeira justiça, a balança deveria inclinar-se mais para o lado daqueles que trabalham. Mas como Costa é acima de tudo um pragmático prudente, decidiu não forçar excessivamente a nota, seguramente com receio que uma subida do SM sem contrapartidas levasse à perda de emprego.
Lá porque muitas empresas (e IPSS) que sobrevivem graças aos salários baixos não mereçam efetivamente continuar a existir, não quer dizer que as mesmas não providenciem emprego a muita gente.
Já quanto à atitude do BE, a vontade de estar sempre em bicos de pés (em relação sobretudo ao eterno rival PCP) será, tarde ou cedo, a sua perda, se não mudarem de atitude. Se os meninos quiserem um dia ser Governo, precisam de crescer e aprender a jogar o jogo longo.
Agora, para o PS, esse conflito permanente a que os Socialistas são alheios pode revelar-se muito conveniente, porque enquanto os parceiros se entretêm com bicadas entre si, deixam Costa governar em paz... “
Importa, porém, considerar que o Bloco de Esquerda já veio negar, através do seu site «Esquerda», a veracidade da informação que o «Público» trouxera à primeira página.
Ora, tendo em conta quem é o dono desse jornal e o respetivo diretor, não custa aceitar a hipótese de terem razão e a história ser mais uma das que esse centro de desinformação vai criando como «pós-verdades» destinadas a criar zizania entre os parceiros de coligação.
Juan Miró
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