Os leitores do blogue continuam a enviar comentários pertinentes, que não me merecendo inteiro acordo, sustentam perspetivas igualmente pertinentes sobre os assuntos aqui abordados.
Jaime Santos, que tem sido regular comentador dos textos aqui publicados, acredita que sou demasiado bondoso com a colocação de Passos Coelho no patamar da incompetência glosado pelo princípio de Peter, já que se situaria bem abaixo. De qualquer forma encontramo-nos totalmente na questão do referendo de Renzi em Itália contra cujas propostas de mais do que duvidosa democraticidade, também eu votaria contra. Eis então o seu texto:
“Lamentavelmente, PPC não chegou ao seu patamar de incompetência, desgraçadamente ultrapassou-o (como Sócrates antes dele, aliás), fruto das circunstâncias peculiares em 2011.
O mesmo se passou em 2005, com o desastroso governo de Lopes. Tivesse Ferro Rodrigues mantido a calma e esperado mais seis meses e teria sido PM com Maioria Absoluta...
Felizmente, a Geringonça de Costa fez PPC regressar ao dito patamar, onde eu espero que se conserve por mais algum tempo (porque assim a Direita é inofensiva).
Quanto ao resto, não estou de acordo que o voto contra Renzi tenha sido somente um voto de protesto (que também foi, é certo). O sistema constitucional italiano é bizantino mas uma lei eleitoral feita à medida do primeiro partido é uma negação da democracia.
Não esquecer que Renzi tem apelado também ao populismo tout court contra Bruxelas quando lhe convém... E também discordo de que uma reação como a que vemos no RU ou EUA será imediatamente contrariada.
Pode bem acontecer que estes países se virem para dentro e entrem em irremediável declínio. O que seria trágico, mas que deve ser aproveitado por aqueles países que não irão alinhar em derivas nostálgicas, nos quais espero que se encontre Portugal. Finalmente, completamente de acordo sobre a necessidade de moderar o otimismo face à efervescência internacional. E sobretudo, será necessário que se desenhem planos de contingência para o caso de a zona Euro soçobrar (mais do que já soçobra)…”
O José Manuel Pereira, que tive o gosto de ter como colega de curso na Escola Náutica, baseia-se no seu conhecimento concreto da produção de energia para corroborar a ligeireza da maioria dos ambientalistas, que pugnam por soluções capazes de produzir mais danos ecológicos do que outras soluções racionais em que a produção de dióxido de carbono seria efetivamente reduzida.
Na verdade as “energias limpas” transformaram-se em oportunidades de rentáveis negócios para muitos «empreendedores», que transferiram para os contribuintes os sobrecustos da sua exploração:
“Mais uma vez fizeste uma abordagem correta, mas não puseste o dedo na ferida. Os ambientalistas que eu conheço (e conheci no meu caminho de 15 anos, como produtor independente de energia em cogeração) andam de carro, de avião, e tem uma TV em cada assoalhada.
Em Portugal assisti a emergência do GN, quando a DGEE subsidiava a troca dos queimadores de fuel, e a transgás, com as suas filiais prometia a energia ao preço da uva mijona.
Tudo não passou afinal de uma manobra destinada a incrementar um mercado de futuro (em que se dá amostras, para posteriormente se puxar pelo preço) e, na época, fazer com que o particular e as empresas consumissem o GN acordado com os Argelinos, cotas mínimas, em risco pela derrapagem da construção (cerca de três anos) da central térmica a GN da Tapada do Outeiro.
Como o protocolo já estava assinado e a central não arrancava, houve que criar consumidores a torto e a direito. Depois meia dúzia de investidores ligados aos órgãos do poder, apostaram nas eólicas e nas fotovoltaicas, e naturalmente (com o apoio nada desinteressado dos ambientalistas) vendeu-se a imagem das renováveis. Mas ocultou-se o boom das baterias e dos onduladores indispensáveis ao seu funcionamento, negócio nas mãos dos mesmos.
Todavia a EDP-Produção e Distribuição, não podia nem pode contar com fontes de energia periodicamente indisponíveis. Se faz sol, se há vento de feição, se o ano foi ou não pluviosamente generoso, são condicionantes à celebração de contratos de fornecimento em contínuo, mesmo com o doce do deslastre técnico, prometido na fatura. Ou seja por cada central renovável, verificou-se a indispensável necessidade (como garantia de fornecimento) de construir uma fóssil, para não correr o risco da importação sempre financeiramente lesiva. Para não falar das taxas de apoio às renováveis que o consumidor paga, porque isso é outra nota de quinhentos.
Hoje a cogeração a fuel praticamente desapareceu pressionada pelos ambientalistas, que ignoram que no fim da destilação fracionada das ramas sempre haverá fuel, e que as centrais (verdadeiras) de cogeração, funcionando como incineradores deste resíduo, tinham um REE, superior a 70%. Ou seja para eles é melhor que a Tapada do Outeiro (porque funciona a GN) dissipe todo o calor secundário para o rio Douro e tenha um REE abaixo de cão, do que ter mantido e incrementado a cogeração, ou ter apostado no "distit heating".
Como corolário disto (e da consciência ainda não assimilada do consumidor, que tem que mudar de hábitos de consumo e reduzi-lo significativamente) com os "ambientalistas que temos e os interesses ocultos de uma(s) industrias sempre estranha e dissimuladamente ligadas ao poder político, dizia, com os ambientalistas e os políticos que temos... o circo vai continuar.”
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