Da última vez que estive em Nápoles incomodou-me a sujidade das ruas, incomparavelmente pior do que tudo quanto de semelhante alhures vi. E ainda assim limitei-me a percorrer a zona da Via Toledo sem arriscar a entrada no Bairro Espanhol, que adivinhava ser o que me tinham previamente alertado: dificilmente seria possível encontrar, em tão curta distância, tal abissal diferença entre os muito ricos e os que nada tinham.
Nessa altura obviamente que todos os negócios ilícitos da cidade já eram controlados pela Gamorra, então eivada de uma hierarquia e códigos de valores muito estritos. Eram criminosos, mas previsíveis dentro das regras estabelecidas. O homicídio, ainda que praticado com regularidade, dependia de morosa e ponderada reflexão.
O que se passa hoje na cidade à beira do Vesúvio é bem diferente: a nova geração é bastante mais violenta e ávida de poder, não hesitando em matar por cem euros. Conquanto possam ganhar maior influência ou território, nada os demove. Até porque, de acordo com as avaliações disponíveis, só a droga garante 10 milhões de euros por mês.
Em relação a essa anterior visita, dá para perceber que se torna cada vez mais arriscada a perspetiva de escolher a cidade como destino turístico. É que a probabilidade de ser envolvido num fogo cruzado ou receber alguma bala perdida tornou-se incomensuravelmente maior…
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