Tentados a generalizar o repúdio pelo jornalismo hoje praticado nos diversos órgãos de (des)informação, estendendo-o a quem cuida de o consubstanciar em textos invariavelmente zarolhos, não damos a devida importância a quem os assina. Segundo estudo agora conhecido a maioria dos jornalistas portugueses está proletarizada auferindo salários inferiores a mil euros mensais. Metade tem uma situação profissional precária, ora por estar a recibos verdes, ora por ganharem à peça, ora por serem “estagiários”, ora, enfim, por estarem a prazo. Por isso mesmo 57% reconhece que sofrem pressões das administrações e das direções editoriais para criarem pós-verdades a contento dos interesses por elas representados. E que são, muito naturalmente, os da exígua classe social, que sujeita a grande maioria dos portugueses a salários de miséria, a empregos precários e a obstáculos sem fim ao que deve ser um Estado Social digno desse nome.
Na realidade, até pelo nível de exploração a que são sujeitos, os jornalistas podem calar em si muito do desagrado, que lhes motiva a condição de servirem de tropa fandanga a essa minoria predadora, mas entre o prato de lentilhas possível e o não terem nenhum, lá se vão conformando com tão ingrato papel.
Juan Gris
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