Agora que o Tribunal da Relação está a preparar a sua tomada de posição sobre o recurso à prisão preventiva de José Sócrates, a Acusação deve estar muito desesperada para atirar tiros em todas as direções.
Só assim se pode explicar que, nesta sexta-feira, sejam vários os jornais e pasquins a publicarem «novidades» sobre o que os magistrados da Procuradoria-Geral da República terão encontrado entretanto.
Quando, dias atrás, um suposto sindicato dos guardas prisionais veio «denunciar» o tratamento de favor, que ele estaria a merecer na prisão de Évora, já se estava a adivinhar um novo ciclo de ataques ao antigo primeiro-ministro. A perversidade dessa vergonhosa intervenção era óbvia: a de, mesmo não sendo sequer réu de um processo que não existe, José Sócrates deveria ser tratado da mesma maneira que outros detidos já julgados e condenados pelos crimes que cometeram. No imaginário coletivo procura-se insistir na equação «Sócrates = criminoso», violando os mais elementares direitos de presunção de inocência, que deveria até ter eliminado a possibilidade de prisão preventiva desde o primeiro instante dada a óbvia falta de fundamento da Acusação para a decretar.
A intenção de quem continua a violar sistematicamente o segredo de justiça com «notícias» destas só pode ser o de criar um ambiente social, que intimide os juízes da Relação e os leve a negarem a Sócrates a correção da infâmia de que foi vítima.
E, como plano B, caso ele venha a ser liberto, tentarão infernizar-lhe a vida e condicionar-lhe a liberdade de movimentos, porquanto não será difícil encontrar uns estarolas dispostos a acreditarem na veracidade das difamações, insultando-o, ou até mesmo agredindo-o, se o encontrarem em espaços públicos.
Está a converter-se num verdadeiro caso de estudo o medo que Sócrates inspira nos seus declarados inimigos.
Quando este pesadelo terminar e tudo se esclarecer com a devida punição dos que andam a abusar dos seus poderes, muito terá de ser equacionado na Justiça para que não se possa repetir esta ignomínia.
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