Na entrevista, que deu ao «Público» a deputada bloquista Mariana Mortágua confidencia o que Miguel Portas costumava dizer-lhe sobre os que pretendiam mandar nisto tudo: “Ele disse-me que o problema específico de Portugal é a pouca qualidade da sua burguesia, a pouca capacidade das suas elites económicas. (…) A família mais importante do país, quase aristocrática, habituada a decidir os destinos do país, para quem toda a gente olhava com reverência, de facto, não soube gerir, não tinha capacidades de gestão.”
O caso BES contribuiu para derrubar os mitos sobre uma suposta meritocracia, que possibilitava a uns quantos (os mexias, os bavas, os granadeiros, etc.) auferir rendimentos de uma obscenidade absoluta em comparação com os próprios empregados deles dependentes.
Estes últimos meses demonstram que as empresas não ficam melhor geridas se confiadas aos interesses privados. O que é um primeiro passo para reverter a lógica de um Estado reduzido ao mínimo, sem meios para angariar os meios com que possa cumprir as funções constitucionalmente reconhecidas como prioritárias para o universo dos cidadãos portugueses: uma educação e uma saúde tendencialmente gratuitas.
O maior “sucesso” de passos coelho foi ter vendido, sem estados de alma, algumas das principais «joias da coroa» ainda remanescentes da fúria privatizadora de pretéritos governos. Com essa entrega a interesses privados, nacionais ou estrangeiros, das empresas, que davam lucros - como os CTT constituíram exemplo lapidar - passos & Cª julgaram criar as condições para se eternizarem no poder. É que, como pode um governo de esquerda praticar políticas mais justas se não tem os meios para tal?
Faz, pois, todo o sentido preparar, a médio prazo, o regresso ao património público algumas das empresas com potencial para servirem de alavanca a um Estado mais próspero e igualitário...
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