Amanhã uma boa parte da Europa estará atenta às notícias que Mario Draghi trará quanto à dimensão das medidas a tomar pelo Banco Central Europeu para combater o perigoso risco de deflação, que assola a zona euro e afeta o crescimento das respetivas economias.
Para passos coelho, ângela merkel e respetivos ministros das finanças, será como arrancarem-lhes dentes sem anestesia, tão avessos se mostram a medidas diferentes das que têm defendido nos últimos três anos. Eivados de estados de alma, que lembram tiques salazarentos (aferrolhar tanto quanto possível sem cuidar de investir em projetos com assegurado retorno futuro), eles bem gostariam de manter a Europa presa à sua conceção mesquinha de uma economia travada pela austeridade custe o que custar.
Pelo contrário, para António Costa será a oportunidade para reiterar as convicções, que tem defendido quanto à inevitabilidade da alteração de rumo das principais instâncias europeias e da oportunidade, que com ela se abre, para mudar para bem melhor a vida dos portugueses.
Convirá, no entanto, ter em atenção os alertas deixados por Richard Koo, economista chefe do instituto de investigação económica do banco Nomura, numa entrevista inserida no «Público» de hoje.
Ele diz, nomeadamente, que : “Não penso que o BCE tenha os instrumentos necessários para tirar a zona euro da atual situação de recessão. Têm de ser os governos com a sua política orçamental.” O que significa que os efeitos podem ser diferentes se aplicados por governos diferentes. Porque: “neste tipo de recessão — que acontece muito raramente, após o rebentamento de uma bolha — precisamos de ter o Governo a gastar dinheiro.”
O economista sino-americano parece, assim, dar plena razão ao Partido Socialista quando aponta a aposta no investimento público como condição sine qua non para superar a presente crise.
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