Na conferência O Ano do Fim. O Fim do Império Colonial Português, que decorreu no Instituto de Ciências Sociais (ICS), em Lisboa, a investigadora Elsa Peralta reportou as suas conclusões sobre o fenómeno dos “retornados”. E elas desmentem o cenário idílico de uma integração sem traumas ventilado nas quatro décadas entretanto decorridas.
Além de se eximirem de testemunhar sobre tal período, essas famílias mantém um comportamento ideológico cristalizado: Há um ressentimento muito grande, privado, mas também com uma face pública, expresso quando chega o momento das eleições, por exemplo. Não imagino estas populações a votarem em candidatos ou linhas políticas próximas de figuras que identificam como responsáveis pelo processo de descolonização. Não desculpam o que aconteceu.”
É lamentável que, já tão distanciadas desse passado, elas ainda não tenham compreendido como foram usadas pelo regime salazarista como peões num jogo geopolítico de resultado mais do que sabido de antemão. Órfãos do colonialismo, nunca conseguirão emancipar-se dessa condição. E por isso nunca conseguirão identificar os verdadeiros culpados de tudo quanto padeceram...
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