1. Nestes dias é inevitável olhar para o que vai sucedendo na Grécia com a guerra aberta entre o governo de Alexis Tsipras e quem não está interessado no seu sucesso.
Os inimigos estão lá dentro sob a forma dos que andam por estes dias a pôr o dinheiro até agora depositado nos bancos locais no recato dos paraísos fiscais. E também fora da Grécia com a Standard & Poors a ameaçar a revisão em baixa da forma como classifica a dívida grega.
Chegará isso para intimidar o novo governo? Aparentemente não, já que se apressou a aprovar a aplicação de 1200 milhões de euros em medidas de luta contra a exclusão social para acorrer aos 30% da população sem segurança social, a maioria dos quais também integra o contingente dos 25% no desemprego. Em concreto repôs o salário mínimo nos 751 euros, que estavam em vigor quando a troika forçou a reduzi-lo para 580, e suspendeu a venda criminosa de 67% do porto do Pireu, não possibilitando que os chineses ampliassem a ação danosa já praticada nos demais 33%.
Adivinha-se uma luta animada nas próximas semanas e a nossa atenção justifica-se pelo facto de tanto nos dizer respeito o seu desenlace. Façamos votos para que Tsipras se mostre de facto à altura das esperanças, que despertou em tantos europeus.
2. Os apoiantes de passos coelho, que entraram em delírio com a queda sucessiva dos preços do petróleo - já imaginando um final de mandato cheio de “prendas” aos portugueses que, iludidos, renovariam a confiança em quem tanto os tem maltratado - vão constatando, dia após dia, o reverso da medalha luzidia, que pareciam agarrar. Agora foi o governo angolano a decretar a redução abrupta das importações de bens alimentares e agrícolas, que tanto têm contribuído para a aparência de um dinamismo do nosso setor exportador agropecuário. Parte dos 207 milhões de euros vendidos anualmente para o mercado angolano está assim comprometido!
Que outras más notícias ainda estarão para cair sobre as cabeças dos fogosos passistas?
3. Não sou daqueles que, tendo apoiado António Costa para secretário-geral do Partido Socialista, começam agora a demonstrarem nervosismo por aquilo que consideram uma oposição menos agressiva do que julgariam necessário. Mas, tendo em conta os resultados financeiros agora apresentados por Fernando Medina, traduzidos numa redução impressionante dos prazos de pagamento aos fornecedores e o plano de recuperação da zona ribeirinha da Matinha, será judicioso perguntar se não estará na altura do ainda presidente da câmara de Lisboa entregar o testemunho ao seu competente sucessor para se dedicar mais intensamente a uma campanha pré-eleitoral, que se adivinha bastante exigente.
4. Na ânsia de tudo privatizar chegou agora a altura de mota soares decidir-se pela entrega a agências privadas da gestão dos desempregados inscritos no Instituto do Emprego e da Formação Profissional. É o coroar da lógica de reduzir a intervenção do Estado ao mínimo e dar a ganhar ao setor privado as verbas, que deveriam ser canalizadas para o apoio a quem já quase nada tem. A exemplo do que o novo governo grego herdou, também o próximo governo português arcará com uma “terra queimada” onde será difícil pôr as sementes a germinar.
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