Na entrevista de ontem à SIC, o advogado de José Sócrates considerou que se está a viver por estes dias um dos momentos culminantes do processo contra o antigo primeiro-ministro. Porque a gravidade das denúncias efetuadas pelo diretor do «Jornal de Notícias» relativamente à forma como a acusação está continuamente a violar o segredo de justiça assume tal dimensão que não se compadece com a ligeireza com que a Procuradora-Geral da Republica tem tratado a questão.
O poder político decorrente das próximas eleições legislativas será obrigado a tomar medidas sérias para pôr um termo definitivo à corrupção protagonizada por alguns magistrados.
É verdade que a separação de poderes deve ser respeitada, mas sobram decerto muitos magistrados honestos, que não se reveem nos comportamentos de alguns dos seus pares, para levarem por diante essa missão. Assim o demonstra o exemplo de uma carta recentemente publicada no «Expresso» precisamente por uma juíza, que pediu reserva da publicação do seu nome, mas em que dava conta da indignação, que vem sendo silenciada nos últimos anos, mas ansiosa por ganhar a livre expressão tão-só sejam afastados os constrangimentos corporativos ainda vigentes e, sobretudo encabeçados pelo sindicato do setor.
O que faz da detenção de José Sócrates um caso declaradamente político não é apenas o facto de ter a ver com um antigo primeiro-ministro sujeito a tal infâmia: é que ele poderá mais não ser do que vítima colateral de um combate interno no setor da Justiça entre os que o querem a protagonizar a condução política do país e os que a entendem no seu papel constitucional de ajuizar sobre delitos cometidos e deles lavrar as devidas penas.
O próximo ciclo político deverá corrigir a deriva protototalitária, que tem sido seguida por uns quantos poderes mais ou menos ocultos (bem se engana teresa leal coelho, quando aponta a mira à Maçonaria!, porque imperam por aí umas quantas “maçonarias” irregulares!) e que têm na Coisa (termo muito apropriadamente utilizado por Afonso Camões para designar o grupo responsável pelo pasquim matinal!) o seu principal meio de expressão...
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