Um dos meus hábitos (quase) diários é o de assistir a um programa de debate político do canal ARTE, animado por Elizabeth Quin, e intitulado «28 minutes».
Normalmente a discussão entre os vários convidados costuma ser bastante interessante mesmo quando lá aparecem posições com as quais discordo totalmente.
Às sextas-feiras o programa adota o formato de «Clube dos Intelectuais e conta com a colaboração de um caricaturista, que vai criando desenhos capazes de acompanharem o teor das discussões. Foi, assim, que me habituei a ver quinzenalmente Charb exibir o seu talento, que me fizeram rir vezes sem conta.
Por isso, quando ele e outros jornalistas do «Charlie Hebdo» foram assassinados, fiquei tão chocado como se tal crime tivesse incidido sobre amigos próximos.
Ora, outra das caricaturistas habitualmente presentes nestas emissões é Corinne Rey, conhecida pelo pseudónimo de Coco, que desempenhou um papel involuntariamente determinante na morte dos colegas: foi ela quem, com a filha ao colo, viu-se ameaçada pelas armas dos assassinos e lhes abriu a porta do edifício onde se situava a redação do jornal.
Muito embora tivesse aparecido posteriormente a solicitar apoios para a continuidade do jornal, sempre me questionei até que ponto a terrível experiência a poderia ter marcado mormente influenciando a vontade em continuar.
A resposta tive-a na emissão de hoje em que voltou a ocupar a cadeira do costume - a que também cabia a Charb! - e cumpriu o que dela se esperava.
Ora, tal como Coco, também o «Charlie Hebdo» deverá continuar. Tão irreverente e iconoclasta quanto o era com os que por ele morreram. A bem da liberdade de expressão e contra todas as formas de fascismo!
Sem comentários:
Enviar um comentário