O trabalhismo inglês está intimamente ligado ao sindicalismo. Até 1900, os líderes sindicalistas contentavam-se em negociar com o Partido Liberal a entrada no Parlamento de um determinado número de deputados, que se identificavam como «lib-lab» (liberal - labour) no momento das eleições integrando-se no grupo liberal em Westminster. Essa opção satisfazia a elite da classe operária inglesa, constituída por operários qualificados (skilled), que já se manifestavam contentes com a legalização dos sindicatos e com o alargamento do direito de votar. Mas, a partir das crises industriais de 1883 e de 1887, cria-se um novo sindicalismo, bastante mais reivindicativo - o dos unskilled - liderado por John Burns e por Keir Hardie.
Ao mesmo tempo surgiram diversos grupos socialistas, que em pouco se distinguiam das correntes radicais herdeiras do cartismo. A primeira a constituir-se verdadeiramente em partido (1881) foi a Federação Social Democrata de H. M. Hyndman, de W. Morris e de uma das filhas de Marx. A sua influência foi limitada devido a sucessivas cisões causadas pelo carácter autoritário de Hyndman e pela recusa de Tom Mann em aceitar o marxismo.
Ainda na mesma década cria-se a famosa Sociedade Fabiana com Sidney e Beatrice Webb, George Bernard Shaw e H.G. Wells. Muito influenciados pela filosofia positivista de Stuart Mill consideravam o socialismo como o desenvolvimento inevitável e progressista das instituições existentes. Apesar do seu pequeno número (em 1914 não ultrapassavam os três mil), a sua influência foi determinante.
O partido encarregado de defender os interesses da classe operária não nasceu, ainda assim, com a Federação Social Democrata - demasiado dividida - nem com o fabianismo, mas com o novo sindicalismo. A ideia de eleger deputados pela fórmula dos «lib-lab» passou a ser rejeitada pelo mineiro escocês Keir Hardie, autodidata e puritano, que definiu a necessidade de apostar nessa eleição de forma independente. Em 1892, ele já conseguira ser eleito pelo círculo de West Ham como «socialista independente».
Em 1893 foi criado o Partido Independente do Trabalho (Independent Labour Party, ILP), cuja criação foi saudada por Engels.
O partido teve imediato sucesso na Escócia e no norte de Inglaterra, mas estagna a partir de 1895. Essa travagem no súbito crescimento resultou do boicote dos sindicalistas mais velhos, que se mantinham fiéis à lógica «lib-lab». Os militantes do ILP compreenderam que seria imperiosa a conquista da liderança no Congresso dos Sindicatos (TUC).
Em 1899 os sindicatos convidaram os grupos políticos a colaborarem consigo , criando-se o Comité para a Representação Operária (Labour Representation Committee, LRC), dirigido por MacDonald, onde tinham cabimento os representantes do ILP , da Federação e dos fabianos.
Nas eleições de 1906 foram eleitos 29 deputados do LRC e 24 lib-lab. São esses 53 deputados quem, em fevereiro, criaram o Labour Party (Partido Trabalhista).
A história do Partido Trabalhista entre 1906 e 1914 é bastante confusa. O novo partido era atacado simultaneamente pelos fiéis da aliança lib-lab (W. Osborne) e pelos sindicalistas Connoly e Tom Mann. Faltavam-lhe igualmente líderes. Assim, paralelamente ao Labour Party surgiram novas formações: a Federação de Hyndman tornou-se no British Socialist Party, os fabianos prosseguiram na sua propaganda em Oxford, e em Londres forma-se a Guild Socialism.
Em 1914 a situação do socialismo inglês estava tão complicada que a Internacional inquietava-se com o estado a que chegara.
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