O Henrique Monteiro do «Expresso» está esfuziante com o acordo conseguido na Concertação Social entre o Governo, os patrões e a UGT. E, por isso mesmo prega a coça possível - já que não tem estatura nem estatuto para mais do que umas linhas na edição diária do jornal - para verberar a CGTP por não aceder à colaboração com tão vergonhosa conclusão.
Sindicalista que sou há mais de trinta anos, sinto-me envergonhado com a conduta de Carlos Silva enquanto suposto representante dos trabalhadores, que pagam quotas para por ele se verem representados.
Se podemos verberar aos sindicalistas da CGTP o facto de parecerem muito mais interessados em servir a agenda do PCP do que os trabalhadores (e quão isso tem sido evidente com o inefável Mário Nogueira!), os sucessivos secretários-gerais de UGT têm ido de mal a pior enquanto colaboracionistas ativos dos interesses dos patrões contra os dos que para eles trabalham.
Não deixa de ser, por isso irónico, que João Proença e Carlos Silva sejam flores do bouquet de apoiantes de António José Seguro, o tal que se propõe separar a política dos negócios. Ora estes dois supostos sindicalistas mais não têm feito do que beneficiar os detentores desses negócios em detrimento dos que para eles apenas representam custos incómodos e não colaboradores motivados e dignos do maior respeito.
Mas o compadrio da UGT ainda se torna mais repugnante quando se traduz num aumento pífio de 20 euros, parte dos quais será pago pelo Estado a título de redução da TSU a que os patrões estavam obrigados. Ou seja, os 18 milhões de euros que o Estado abdica de receber dos patrões, terão de ser pagos pelos contribuintes, que arcam pois com os custos de um «acordo» eleitoralista, destinado a ajudar o PSD e o CDS a encararem as eleições legislativas do próximo ano com sucessivos pregões de trombetas que dirão até à exaustão, que terão descongelado o salário mínimo, que Sócrates havia congelado.
Que a UGT e Carlos Silva se tenham prestado a esta triste figura diz muito da desgraça, que seria termos António José Seguro e os seus apoiantes a personificarem o que seria uma «oposição socialista» à continuidade da vitória da direita. Porque são as próprias sondagens a dizê-lo e só os seguristas não querem ver: se em 2015 a escolha fosse entre passos coelho e António José Seguro, os eleitores premiariam o primeiro, porque para terem a continuidade de uma mesma política antes preferem o original do que a sua cópia.
Por isso mesmo não há como não dar razão a Mário Soares, quando propôs que, por patriotismo, Seguro já deveria ter-se demitido. Porque, independentemente do que suceder no domingo e a partir de segunda-feira, o desenlace da sua visão egocêntrica da política só pode acabar mal.
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