Impossibilitado de acompanhar as notícias televisivas durante a noite, cheguei à madrugada e liguei para a SIC Notícias para ver como abordariam o jantar de apoio a António Costa, que decorrera entretanto no Terreiro do Paço.
Porque será que não fiquei surpreendido com a forma como o canal de Balsemão abordou o assunto?
Primeiro mostrou Seguro, rouco, em Valongo, a dizer as banalidades do costume e só depois mostrou Costa, exatamente no mesmo tipo de enquadramento fechado, apenas com o palco e o orador, a discursar para uma plateia, que as câmaras escusaram-se completamente a revelar. Para os diretores de informação daquele canal parecem causar incómodo os 1200 participantes no evento do Páteo da Galé, que se somam aos mais de 2000 em Matosinhos ainda na véspera.
É claro que os donos dos jornais e das televisões, todos ligados umbilicalmente à Direita, estão a ver a dinâmica da candidatura de António Costa pôr um ponto final nas ilusões, que pudessem ter quanto à possibilidade de virem a ter Seguro como vice-primeiro-ministro de um elenco ministerial com aquilo que gostam de designar como os «partidos do arco da governação», e em que, parafraseando o Príncipe Salinas do «Leopardo» de Lampedusa, alguma coisa parecesse ter mudado para que tudo ficasse na mesma.
Mas essa entorse quotidiana á verdade também conheceu insólita expressão com um dos jornais do angolano Álvaro Sobrinho - onde Luís Osório acabara de ser empossado como diretor adjunto - que despachou para a primeira página a versão segurista das primárias, onde o davam como perdedor da maioria das Federações, mas onde supostamente os seus candidatos teriam recolhido mais votos.
Essa falácia, que permite aos brilhantes e aos belezas ainda semearem ilusões por mais alguns dias, cai logo pela base com o sucedido no Porto, onde os cerca de 4750 votos de José Luís Carneiro foram contabilizados integralmente como seguristas, quando na realidade essa lista resultara de uma negociação entre aqueles e os apoiantes de Costa, pelo que nunca caberiam integralmente a um dos lados. Mas mais eloquente ainda terá sido a expressão da abstenção - mais de 75% dos militantes! - que fizeram exatamente o que eu próprio faria se morasse no distrito: por muito que se tratasse de uma aparente «lista de unidade» nunca me contaria entre os votantes do presidente da câmara de Baião, tendo em conta o seu papel na ascensão do ainda secretário-geral.
Que ainda sobre no campo segurista quem queira acreditar em tal falácia, diz tudo sobre o estado de alma de que se mostram reveladores. Depois dos insultos, das difamações e das mentiras, já sobram poucos truques para manter viva a chama que esmorece dia a dia. E, nas imagens colhidas em Vialonga, Seguro pode ter ensaiado mais uma tática primária: depois das pieguices e dos queixumes, que a tantos já fizeram lembrar Calimero (que coitado bem pode reclamar a injustiça de o associarem a tal réplica!), apareceu rouco, quase incapaz de discursar!
Se a sua cara metade não fosse farmacêutica ainda se poderia compreender o lado doentinho por conta da negligência do seu staff. Mas sabendo-se como lhe bastaria colher conselho em casa para nunca chegar ao estado quase afónico é caso para nos questionarmos se, sem nada de particularmente motivador para dizer, não quererá imitar Jerónimo de Sousa que, há alguns anos atrás, suscitou um insólito movimento de simpatia por comparecer a um debate televisivo sem conseguir articular quase nenhuns sons. É que , só nesta semana, serão duas as ocasiões em que os portugueses poderão ver frente-a-frente a sua inconsequência em comparação com a solidez e o discurso substantivo de António Costa!
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