Esta semana foi particularmente marcada pelo populismo mais destemperado. Começou com a forma soez como António José Seguro se comportou nos dois debates televisivos com António Costa, envergonhando o Partido Socialista com um tipo de tática, que nunca se lhe conhecera em mais de quarenta anos de História.
Mais do que desmerecer da função de primeiro-ministro de Portugal (já que passos coelho pôs a bitola de comparação muito em baixo), é indigno de liderar os socialistas quem:
· “confunde” combate político com traição e não quer compreender a dinâmica democrática, que tudo questiona a qualquer momento sem dependências de artifícios estatutários ou outros tipos de formalismos;
· insinua ligações entre política e negócios sem nunca fundamentar quaisquer provas em que sustente o que diz, tanto mais que se lhe conhecem ligações mais do que equívocas com o antigo presidente da Associação Nacional de Farmácias, um dos lobbies mais poderosos do país;
· se mostra incapaz de debater com a elevação bastante para saber ouvir o outro sem o interromper a torto e a direito, procurando cortar-lhe o fio do discurso ou impedir que a sua mensagem chegue aos espectadores.
Muito embora tenha palavras como ética ou lealdade na boca, Seguro demonstra uma ignorância inata sobre o que significam. Por isso mesmo adivinha-se-lhe um triste fim. Ou será olimpicamente ignorado a partir do dia 29 de setembro, jamais voltando a ter cargo relevante, ou conhecerá momentâneo sucesso, que logo se traduzirá numa queda brutal do Partido, porque dificilmente muitos dos tradicionais eleitores socialistas poderão associar-se pelo voto a um tipo de comportamento político que nada condiz com as suas consciências.
A sondagem do «Expresso» desta semana até será bitola interessante para o que ocorrer após as Primárias. Será crível que a subida de dois por cento desde as europeias decorra da expectativa de António Costa vir a liderar o PS. A confirmar-se teremos essa percentagem a aproximar-se tendencialmente da maioria absoluta.
Se, pelo contrário, o resultado vier a ser-lhe adverso será interessante ouvir as explicações titubeantes de Seguro quanto à progressiva descida dessa percentagem. É claro que, com o inevitável ar de donzela ofendida, lamentará o afastamento daqueles que teriam acreditado numa verdadeira alternativa com António Costa e continuarão sem lhe passarem mandato para os representarem.
Esta foi também a semana em que a «podridão» associada à política, foi palavra usada quer por Seguro, quer por Marinho e Pinto numa estranha consonância de personalidades, que diz tudo sobre ambos, porquanto tal cumplicidade só os desqualifica.
O antigo bastonário da Ordem dos Advogados veio anunciar um novo Partido e criticar até à náusea os 18 mil euros de remunerações pagos mensalmente a cada deputado europeu. Que o indignam, mas que continuará a embolsar porque é “pobre” e tem uma filha no estrangeiro. Pelo menos enquanto não for eleito deputado nas próximas legislativas, naquilo que imagina ser o passo intermédio para se candidatar a Belém.
A falta de escrúpulos deveria criar o nojo bastante à sua volta para que nunca mais merecesse qualquer atenção dos eleitores. Mas, hélas, há mentecaptos bastantes para considerarem o discurso típico do taxista como aquele com que melhor se identificam. E para esses não há remédio: somos obrigados a conviver socialmente com eles e a manifestar paciência evangélica para os aturar.
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