Por muito que passos coelho consiga sair airosamente das ilegalidades da década de 90 a respeito de fraude fiscal inerente à não declaração dos 5 mil euros mensais recebidos da Tecnoforma ou por violação do estatuto de incompatibilidades da Assembleia da República para receber um subsídio de reintegração a que não teria direito, não sairá propriamente ilibado na opinião pública.
É evidente que os seus defensores dirão sempre que um crime prescrito não é juridicamente considerado enquanto tal, mas a ética coletiva considerará tratar-se de expediente ilegítimo para dissociar passos coelho daquilo que não é: honesto!
Desde que conhecemos os contornos das atividades de relvas e de passos coelho na empresa que recebeu subsídios comunitários para formar quem viesse a gerir a fantasmática rede de heliportos da zona Oeste - matéria ainda em fase de investigação em Bruxelas! - já tínhamos argumentos para associarmos o primeiro-ministro à mesma cultura que deu origem a alguns dos mais preponderantes e recompensados amigos de cavaco.
Muito embora a má fama tenha sido sempre colada a políticos socialistas - e as recentes sentenças condenatórias para com Armando Vara e para com Maria de Lurdes Rodrigues bem demonstram como a Justiça continua a ser zarolha - encontramos uma impunidade quase constante em tudo o que diz respeito à corrupção de políticos de Direita apesar da dimensão das suas ilegalidades se revelar abissalmente maior.
E, no entanto, este tipo de comportamentos agora denunciados não se distancia em nada de outras provas evidentes de desonestidade demonstradas à saciedade nestes três anos: a forma como se comprometera a não aumentar impostos, a não promover desemprego na função pública ou não fazer cortes nas pensões esbarrou com a realidade e, sobretudo, com os seus preconceitos ideológicos, e ele tudo negou do que antes prometera. Se isto não é desonestidade, o que será?
E, no entanto, passos coelho cultivou a imagem de castigador contrariado, que confrontava os seus despesistas concidadãos com os custos das loucuras pelas quais tinham endividado o país.
Fazendo figura de pai austero perante filhos traquinas, criou essa “gravitas”, com que fazia parecer credível um discurso continuamente falacioso.
Nas semanas mais recentes havia quem estivesse a conjeturar a provável escolha de um candidato de direita fraco para as presidenciais de 2016 para que ele próprio se pudesse perfilar como incontornável vencedor na eleição seguinte.
Mas eis que as reportagens jornalísticas trazem notícias de casos concretos de comportamentos reprováveis para com os interesses públicos e em exclusivo benefício pessoal.
A confirmarem-se as contradições insanáveis em que ele se parece enredar no labirinto de supostos esquecimentos e de mentiras será fundamental, que elas sejam evocadas sempre que o virmos manifestar a vontade em voltar a gerir os destinos do país. Porque levaremos anos a recuperar da política de terra queimada, que deixará de herança a quem vier a liderar o governo que se seguirá…
E confiemos que a própria conjuntura internacional inviabilizará os seus anseios presidenciais se eles se vierem a manifestar: é que na sua habitual audição na Comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, Mario Draghi já veio anunciar a oposição às estúpidas orientações provenientes de Berlim e os tempos correm de feição para que se adotem novamente as receitas neokeynesianas na macroeconomia europeia… enviando para o olvido os ainda cultores de Heyek ou de Friedman!
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