terça-feira, 16 de setembro de 2014

O jogo viciado que devemos rejeitar

No seu artigo publicado hoje no «Expresso», João Galamba propõe que não se continue a aceitar o jogo viciado dos que têm imposto a estratégia assente na austeridade. E a mensagem tem um destinatário óbvio, que é António José Seguro, que ao longo destes três anos, por palavras e atos, tem aceite a narrativa da direita sobre a crise e a lógica austeritária ligada ao Tratado Orçamental de que quer ser fiel seguidor.
A austeridade falhou clamorosamente, conforme ele sintetiza lapidarmente no texto: “Os cortes na despesa pública (funções sociais do estado, salários e pensões, investimento) e aumento de impostos não permitem consolidar as finanças públicas e não garantem a sustentabilidade da dívida”.
Apesar do permanente bombardeio das “boas notícias” inseridas nos jornais económicos por conta dos marketeers do governo, não tivesse passos coelho contado com a complacência de Bruxelas para a revisão das metas orçamentais e não beneficiasse perversamente com as decisões do Tribunal Constitucional, e dificilmente conseguiria um guião coerente para ainda acreditar num sucesso eleitoral nas próximas legislativas.
É por isso que faz bem António Costa, quando começa logo por rejeitar a discussão da política orçamental nessa mesma lógica de austeridade, mesmo desconcertando as cabeças de alguns “comentadores”, que não conseguem pensar fora dessa formatação preconceituosa. “António Costa reconhece que os nossos problemas orçamentais são uma consequência da crise e nunca a sua causa” e por isso aposta na negociação de um plano de recuperação económica para relançar o investimento produtivo e criar empregos sustentáveis.
Algo difícil de entender por António José Seguro, já que quer ele, quer os seus “brilhantes” assessores não escapam à lógica dessa tal formatação, que ainda tantos danos causa à Europa dos 28, mas de que ela não tardará em livrar-se quando a sensatez de quem vê a teimosia esbarrar em sucessivos fracassos a forçar a reassumir as soluções neokeynesianas, que já tantos economistas consideram incontornáveis...
Embora ainda não pareça o tempo na Europa corre a favor da estratégia apresentada por António Costa! 

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