No primeiro debate televisivo entre António Costa e António José Seguro, este último deu razão à grande maioria de militantes e simpatizantes, que se preparam para o devolver à irrelevância política, donde nunca deveria ter saído para bem de um Partido cuja matriz histórica nada tem a ver com o seu comportamento.
Parecendo a alguns - sobretudo aos seus indefetíveis! - que terá reavivado a sua esmorecida chama com uma atitude de ataque a António Costa, Seguro não deixou de mostrar uma catadupa de falta de qualidades, que o tornam imprestável para a função que desempenha:
· ele vitimizou-se levando a jornalista Ana Sá Lopes a comentar que ele fez lembrar a ex-companheira de Hollande com o seu recente livro sobre a «traição» deste último. Seria risível se não se revelasse patético para um socialista!
· ele manipulou números sem pinga de vergonha. Por exemplo disse que, em 2011, o PS valia 18% e coubera-lhe o mérito de o fazer subir nas sondagens até ao dobro. Ora, se consultarmos os resultados eleitorais das legislativas de 5 de junho daquele ano, o PS de José Sócrates teve 28,1%, ou seja, apenas menos 2% do que ele teve recentemente nas europeias e depois do desgaste de três anos da desgovernação da Direita;
· noutro exemplo eloquente da forma desonesta como tentou manipular os números, esqueceu propositadamente os 44,5% de Ferro Rodrigues em 2004 e foi buscar a vitória de António Vitorino de 1994, reclamando oito vezes a sua diferença percentual de então para com o PSD e o CDS, o que, apesar de ter sido de 3,8%, não corresponde à verdade já que o antigo comissário europeu tivera uma diferença de 0,7% pelo que ela deveria ter sido de 5,6%;
· ele ofendeu a História do partido e muito particularmente José Sócrates ao colar-se vergonhosamente ao argumento da direita em como terá sido ele o culpado da «bancarrota» do país e dos maus resultados eleitorais do PS desde então. A sua obsessão pelo antigo primeiro-ministro atingiu um tal paroxismo, que deixou cair todas as máscaras e insinuações para defender algo que é ultrajante para uma grande percentagem dos socialistas. Por muito que lhe custe, Sócrates continua a ser uma referência moral e política para milhares de militantes, que hoje só puderam sentir-se indignados.
· ele revelou a irresponsabilidade de alguém, que mesmo com cabelos brancos, amadureceu mal e revela sinais de grande insegurança. Não atingimos a maioria absoluta e há que encontrar parceiros de coligação? Não faz mal: faz-se um referendo interno para os militantes manifestarem a sua preferência! A realidade não cola com a sua visão mistificada das circunstâncias? Também não faz mal: não conseguindo encontrar soluções para os problemas, temos o seu compromisso em como… se demite! Atónitos, só nos podemos interrogar: é isto o que define um líder? É isto que denota uma conduta responsável?
O debate de hoje reiterou o que já se sabia: ciente de que não será fácil o exercício da governação nos próximos anos, António Costa promete um projeto inclusivo, onde cabem quem hoje o apoia e quem o contesta seja no Partido, na Assembleia da República e na sociedade. Trata-se de mobilizar todos para um futuro que a todos cabe construir.
Pelo contrário, com a sua conduta vingativa e mesquinha, Seguro estará sempre condenado, mesmo que para nossa infelicidade, fosse declarado vencedor das Primárias do dia 28: é que tem sido responsável por tal fratura dentro do PS, que se arriscaria a chegar ainda mais isolado às eleições em que os portugueses no seu todo lhe dariam a merecida resposta!
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