É perfeitamente compreensível o nervosismo que os apoiantes de António José Seguro vão demonstrando nos últimos dias ao constatarem como a dinâmica da campanha das primárias e das eleições federativas vai correndo nitidamente em seu desfavor. As intervenções de António Galamba e de Maria José Gonçalves revelam o típico desespero dos que se vitimizam para sensibilizar eventuais corações piegas, mais propensos a pensarem com as emoções do que com a razão.
Enquanto a campanha do ainda secretário-geral vai prosseguindo sem chama nem acontecimentos que chamem a atenção do circo mediático, a de Costa mostra-se competente na forma como vai apresentando dia-a-dia novas demonstrações da sua força: ao apoio de quatro dirigentes históricos, seguiu-se o da maioria dos autarcas socialistas e já aí se anuncia a presença de José Sócrates num dos próximos eventos.
Compreende-se, assim, que na noite passada, tenham sido centenas os militantes e simpatizantes os que compareceram ao jantar na Costa da Caparica, sendo necessário extravasar para o terraço mais de metade dos presentes por não haver espaço físico suficiente na sala de jantar do hotel onde se verificou.
Socialistas históricos como Fernando Costa (o militante nº 3 do PS) e Edmundo Pedro corroboraram a ideia de que todos quantos contribuíram para o riquíssimo património do Partido com as lutas de há trinta ou quarenta anos estão com Costa. Mas também estão os jovens da JS, cujo entusiasmo e empenhamento tanto enriquecem o Partido enquanto símbolos da sua permanente renovação. E também pessoas de todas as idades e formação académica compondo um microcosmos muito representativo da realidade sociológica do país.
Foi para todos eles que o futuro primeiro-ministro de Portugal apresentou as suas ideias claras e bem estruturadas, que integram uma estratégia indispensável para fazer sair o país do impasse em que caiu nestes três anos.
Num momento do seu discurso António Costa referiu aquilo que se sente: o Partido Socialista está a reencontrar os seus melhores momentos ao mobilizar-se no sentido de uma mudança que se revela indispensável. A exemplo de outros grandes debates internos do Partido sobre a sua estratégia para o futuro, este ficará registado como um dos mais determinantes.
Simpaticamente para Seguro, Almeida Santos agradecera-lhe o facto de ter liderado o Partido neste período de transição. Mas a verdadeira transição começa a 29 de setembro, quando o Partido se unir para encetar a concretização da agenda para a década definida por António Costa. Contrariando a tese segurista em como, depois de tudo quanto ocorreu nos últimos anos, seria muito fácil governar a partir de 2015, os desafios dos próximos anos serão exigentes e requerem competência e capacidade de gerar consensos alargados.
A meio da próxima década alguns dos que hoje estiveram na Costa da Caparica hão-de reencontrar-se e recordar com nostalgia estes dias. É que eles representam o embrião de um processo que, então, já terá demonstrado plenamente a sua pertinência.
“Lembras-te como então tudo nos parecia tão difícil de virmos a conseguir?”, diremos uns aos outros. E sorriremos de regozijo pelo orgulho de, na medida das nossas possibilidades, também termos estado comprometidos nesse sucesso...
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