1. Na sua coluna semanal do «Expresso», Ricardo Costa formula o desejo de que o sucedido com o grupo da família Espírito Santo não se transforme numa arma eleitoral, ciente de como ela poderá ser letal para o Partido do seu patrão. E, no entanto, ele até elenca um conjunto de perguntas pertinentes, que carecem de resposta por parte do governador do Banco de Portugal:
· Porque permitiu um aumento de capital a um mês do colapso?
· Porque não forçou um pedido de ajuda ao Estado enquanto a troika cá estava?
· Porque não interveio mais cedo? Atrasou a intervenção para não prejudicar a “saída limpa”?
· Porque permitiu que a anterior administração continuasse em funções tanto tempo?
· Porque suspendeu administradores para depois os chamar?
· Em qual das decisões anteriores se precipitou?
Mas, é claro que as perguntas principais devem ser destinadas ao governo de passos coelho, que quis atirar com o ónus da decisão para cima de carlos costa, mas não se pode eximir da responsabilidade de, ao contrário do que quis fazer crer, transferir para os contribuintes o avultado custo da sua inoperância em conter a besta financeira…
2. A mentira foi propalada repetidamente durante um dia para ver se conseguia manter-se no subconsciente coletivo por muito que não se ajustasse com a realidade palpável do quotidiano dos portugueses: a taxa de desemprego teria descido para percentagens similares às do final de 2011.
Nalgumas intervenções de ministros e de parlamentares da direita parecia verificar-se o milagre de mil empregos florirem a cada instante para gáudio de quem já desesperava em encontra-los.
Na SIC, quem na redação redigiu o texto (terá sido josé gomes ferreira?) até se entusiasmou na propaganda, afiançando já haver quem, na emigração, se estava a arrepender de não ter por cá ficado.
Mas, nesse mesmo dia, os dados do IEFP esclareciam o conteúdo falacioso do milagre: 191,3 mil pessoas estavam a frequentar ações de formação, que em nada correspondem a verdadeiros empregos. Por isso mesmo há que denunciar o recurso a dinheiros comunitários para iludir estatísticas e fazer crer que as coisas estão melhores do que parecem. Até porque, se devidamente investidos, esses fundos até poderiam contribuir para projetos conducentes ao crescimento da economia e à criação de empregos sustentáveis.
3. Mas os números continuam a mostrar que o fracasso das políticas do governo de passos coelho é mais do que uma impressão empírica. Manifestamente nem vítor gaspar, nem maria luís albuquerque conseguiram revelar o mínimo rigor nas suas previsões orçamentais. Assim, depois de tanto ter verberado José Sócrates por se ter visto obrigado a elaborar dois orçamentos retificativos em 2009, o PSD e o CDS já apresentaram oito nestes três anos. Uma vez mais cumpre-se o provérbio de passos coelho continuar a demonstrar a superioridade política e moral do seu antecessor.
Noutra vertente o governo também vai comprovando o “benefício” das suas privatizações com o grupo francês, que comprou a ANA, a aumentar as taxas aeroportuárias por sete vezes num ano, tornando os aeroportos nacionais cada vez mais caros. O que, num país que aposta no turismo como uma das suas atividades económicas de eleição, mostra bem como a preocupação da direita é apenas a de garantir rendas avultadas para as multinacionais em detrimento dos interesses nacionais. Utilizando um jargão típico da extrema-esquerda no pós 25 de abril, mas que faz todo o sentido, temos, de facto, um governo de vende-pátrias.
Só é pena que o Partido Socialista tenha sido liderado nestes três anos por quem foi! Com uma direção competente o desagrado geral do eleitorado já teria precipitado mais cedo a inevitabilidade da desejada alternativa.
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