De entre as muitas percentagens que estiveram nas notícias de ontem, escolhamos duas por integrarem o caleidoscópio de sinais que espelham a tragédia social em que este governo mergulhou o país. Assim ficou-se a saber que:
· no ano passado 2,2 % dos menores de 15 anos pertenciam a famílias que não lhes garantiam pelo menos uma refeição diária de carne ou peixe e 1,4% não comiam fruta e legumes uma vez por dia;
· no primeiro semestre de 2014, as queixas de violência doméstica registadas pela PSP e GNR aumentaram 2,3% face a igual período do ano passado.
Mas, ontem foi igualmente o dia em que o líder da UGT se bateu na Concertação Social por um salário mínimo de 505 euros e a vigorar até ao final de 2015, não acompanhando a proposta da CGTP para chegar aos 515 euros e muito menos a de António Costa, que já considerou 522 o valor justificável face ao fi do memorando assinado com a troika e aos compromissos anteriormente estabelecidos entre patrões e sindicatos para vigorarem a partir de 2011.
Carlos Silva, apoiante de António José Seguro, só se preocupa com os patrões, merecendo-lhe o maior dos desprezos a questão de saber se os 17 euros em causa significam ou não uma melhoria, ainda que mínima, na condição de pobreza de quem trabalha por tão exíguo valor.
Constitui uma vergonha para o movimento sindical português, que um dos seus emblemáticos representantes já nem tente disfarçar o que o move nas suas funções: em vez da defesa intransigente dos seus representados, importa-lhe o prato de lentilhas a que vai tendo direito ao garantir ao patronato o argumento de uma divergência significativa entre quem o deveria combater em uníssono. Forma de deixar tudo na mesma!
A UGT vai, pois, confirmando a sua razão de ser: a de servir de muleta aos patrões para reduzirem os direitos e os rendimentos de quem trabalha!
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