Conhecemos de sobejo a apetência dos apoiantes de António José Seguro pelas sondagens dos institutos de opinião em vez das que realmente foram colhidas nas urnas, seja nas autárquicas, seja nas europeias.
Não era uma das suas mais tenazes argumentações a de que, antes de António Costa se declarar disponível para disputar a liderança do partido, o PS já se abeirava da maioria absoluta?
Que me lembre nunca nenhuma atribuiu mais do que 36% ao PS - o que, convenhamos, ainda significaria uma distância relevante desse objetivo - mas nenhuma delas contemplava as alternativas representadas por marinho pinto e pelo Livre enquanto opções de protesto para quem não estava satisfeito nem pela coligação PSD/CDS nem pelo PS de Seguro. Os resultados eleitorais dos últimos meses, acabaram por revelar-se fatais para as pretensões de António José Seguro em vir a ser primeiro-ministro.
A sondagem agora publicada no «Jornal de Negócios» e da responsabilidade da Aximage só vem confirmá-lo, porque não só Costa supera claramente Seguro no confronto direto (60,9% vs. 26,4%), mas também é o único capaz de vencer passos coelho.
Colocados perante a alternativa entre passos e seguro, os inquiridos preferiram o ainda primeiro-ministro (42,6% vs 40,1%), mas quando passa a contemplar o mesmo passos a António Costa, este ganha com 63% contra 32%.
Estes números demonstram eloquentemente o acerto de António Costa na interpretação do que estava em causa depois das europeias e o incitou a avançar.
É perante a mudança iminente que há tantos seguristas em pânico, porque ocupam ou esperavam vir a ocupar empregos decorrentes da sua associação ao ainda secretário-geral. Agora sentem-nos seriamente em perigo e lembram uma conhecida citação de Bertrand Russell, segundo a qual “o medo coletivo estimula o instinto de rebanho e tende a provocar a fúria para com aqueles que não são vistos como membros do rebanho” . Daí que inundem as redes sociais com insultos, difamações e mentiras de um tal primarismo, que dá para pensar se, no seu perfeito juízo, acreditam deveras nessas enormidades.
Por culpa de António José Seguro - que impôs quatro meses de permeio entre o desafio de António Costa e as eleições primárias - ainda continuaremos a prosseguir nesta disputa interna, apesar de, à nossa volta termos 55% dos desempregados sem subsídio de desemprego ou o Estado já ter comprometido no resgate do BES o equivalente a 2,9% do PIB. Exemplos de questões sobre as quais o principal partido de Oposição deveria assumir posições com discursos mais contundentes do que a cinzentude inócua dos proferidos pelos quase anónimos personagens, que Seguro tem mandatado para comentar em seu nome a realidade política quotidiana.
E, no entanto, todas as circunstâncias estão a mudar por muito que passos coelho ou António José Seguro pareçam não dar-se conta disso. Um deles vai ao encontro de um dos pilares da mudança anunciada por António Costa: apesar do desagrado de Schauble e do pupilo deste no Bundesbank: Mario Draghi está a criar as condições para a tal flexibilização do Tratado Orçamental, que permita o fim da deflação e do incipiente crescimento que ameaça gripar a locomotiva europeia.
O que só valida as propostas de António Costa como sendo as mais consistentes!
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