1. Ao segundo debate podemos constatar que as televisões apostaram em convidar como comentadores supostamente imparciais alguns dos que têm feito do esforço de denigrir António Costa o seu modo de vida. Como é o caso de Henrique Monteiro, ex-diretor do «Expresso», que, num dia perorava em favor de Seguro na TVI24, e no outro repetia na SIC Notícias exatamente o mesmo chorrilho de mentiras e preconceitos, que lhe vêm sendo conhecidos. Manifestamente a digestão da lição de Filosofia, que José Sócrates lhe infligiu há uns meses atrás ainda lhe anda a azedar o estômago. E quem paga as favas é quem o antigo primeiro-ministro apoia…
2. Ainda assim nota-se menos entusiasmo dos seguristas nas redes sociais depois do que resultou deste segundo debate. É que se se terão iludido com as inenarráveis afirmações do seu líder a coberto da moderação muito pouco moderada de Judite de Sousa, deverão ter sentido amargos de boca quando hoje ele foi titubeando perante os sucessivos factos a que não soube dar resposta. E, se no primeiro debate já se suicidara politicamente com a promessa de se demitir acaso não encontrasse as condições para governar , no segundo terá posto os cabelos em pé a muitos autarcas ao colá-los à imagem de gente que passa a vida à janela…
3. Mas os debates são ainda mais interessantes por aquelas frases quase inaudíveis, que nos obrigam a recuar o curso da emissão para aferirmos se ouvimos mesmo o que julgáramos ouvir.
Anteontem foi o lapsos linguae de Seguro, quando disse: “Quem, como eu, foi líder do PS…”
É certo que logo corrigiu para “é líder do PS...”, mas a evidência psicanalítica estava comprovada: até na sua cabeça, Seguro já sabe que perdeu.
Ontem outra dessas frases - sibilina de tão contundente! - aconteceu quando Seguro se vangloriava de ter procurado negociar com o governo a reforma das freguesias através dos muitos quilómetros percorridos de norte a sul e António Costa o confrontou com o resultado nulo desses esforços.
4. Há muitas coisas, que irritam em Seguro e o tornam obviamente inadequado para alguma vez vir a ser primeiro-ministro. Mas as que mais fazem sair do sério são a vitimização constante de quem se julga um anjo impoluto e acusa camaradas de Partido das piores aleivosias e a tendência desregrada em tudo passar pelo crivo do “eu”.
Seguro tem um umbigo tão inchado que não consegue morigerar essa tendência para dividir a História do Partido Socialista num antes dele e num presente, que pretende eternizar pelo menos com estes quatro longos meses de espera até aceitar ir a votos com António Costa.
Na sua mente o PS estava num caos depois de Sócrates perder as eleições legislativas, que ele interpretou como resultado de os portugueses execrarem-no como causador de todas as suas penas. E então chegara ele, qual super-herói a transformar a triste circunstância numa promessa de vitórias sem fim. É claro que não consegue explicar como, depois de três anos de duros sofrimentos dos portugueses à custa da Direita, não conseguiu nas europeias mais do que 3% de percentagem de votos do que a conseguida por Sócrates em 5 de junho de 2011. E então se fossemos a ver o número de votos conseguidos nessas duas eleições, Seguro bem poderia voltar a corar de vergonha, porque perderia tão claramente como se viu derrotado neste segundo debate televisivo.
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