1. Investigação, Ciência e Inovação: eis três palavras completamente às avessas com o que o governo de passos coelho concretizou nestes três anos de austeridade. A Investigação e a Ciência - difícil separar uma da outra, mas enfim, aceitemos por ora a redundância! - tinham sido incrementadas significativamente durante os governos de José Sócrates por influência do seu ministro Mariano Gago.
A lógica da governação socialista era inatacável: tendo em conta que o país não conseguirá ser competitivo nas áreas económicas onde havia sido exportador graças ao recurso intensivo a mão-de-obra, haveria que encontrar soluções para apostar em negócios baseados nas novas tecnologias, mormente nas energias renováveis e na nanotecnologia.
Esse esforço foi totalmente deitado a perder desde 2011, com a Fundação encarregada de definir a politica de bolsas para a investigação a ficar na alçada dos amigos de nuno crato (incluindo da própria mulher), que logo cortou a eito nos apoios do Estado e destruiu em pouco tempo o que levara anos a criar.
Um exemplo eloquente do sucedido vinha explicitado na mais recente edição semanal do «Expresso»: o Laboratório de Sistemas Informáticos de Grande Escala não passou à segunda fase da última avaliação das unidades de investigação promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), mas o seu líder, o professor Paulo Veríssimo, foi convidado pelo governo luxemburguês a criar uma equipa no Centro Interdisciplinar para a Segurança, Fiabilidade e Confiança na Universidade local, recebendo para tal uma dotação de 5 milhões de euros.
Graças a passos coelho, a nuno crato e a miguel seabra, seu lugar tenente na FCT, é mais um cientista de grande talento a emigrar para beneficiar outro país que não o seu. E, enquanto eminência parda da troika, que tudo orientou a partir da sua secretaria de estado, carlos moedas não pode ser ilibado de mais este crime de lesa pátria.
Que Investigação, Ciência e Inovação seja a pasta que lhe caiba na Comissão Europeia só pode inquietar quem o conota com a lógica talibã dos defensores da austeridade e em que cada euro investido deverá traduzir-se quase de imediato noutro euro ressarcido.
Para os ramos da Ciência e da Inovação em que os resultados, ou se traduzem em acrescidos conhecimentos teóricos ou em que o retorno respetivo leva anos a alcançarem-se, o futuro não se adivinha fácil com tal fanático a gerir os oitenta mil milhões de euros disponíveis. Até porque, tendo em conta o carinho que lhe merecem os interesses privados, esses milhões irão mais facilmente parar às mãos das grandes multinacionais do que aos centros de investigação públicos por onde transita o grande volume de conhecimento científico mais avançado.
2. Nesta semana foi rapidamente desmentida uma notícia do «Público» em como passos coelho teria pretendido a queda de ricardo salgado da liderança do BES no final de 2013.
Nas televisões o discurso adotado foi a da atitude proactiva de passos coelho, que demonstraria assim um conhecimento pleno do dossier. Uma imagem positiva, que estaria em consonância com a campanha propagandística para as legislativas do próximo ano.
Só que essa notícia soprada para os jornais poderia ter outra origem bem mais óbvia: do próprio Banco de Portugal, onde cresce o incómodo pelo facto de só aos seus responsáveis virem a caber responsabilidades se a gestão do caso BES vier a correr mal.
O rápido desmentido do governo poderá ter, pois, uma leitura inquietante: por já adivinhar quão mal tudo redundará para os contribuintes, quer passos coelho, quer cavaco silva, quererão distanciar-se o mais possível desse processo. E todas as culpas tenderão a ser endossadas a carlos costa! Sobre o qual até provavelmente, sem pingo de vergonha, lembrarão ter sido nomeado pelo governo de José Sócrates!
Sem comentários:
Enviar um comentário