quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Novas perguntas do operário letrado

Agora que a administração recém-empossada do Novo Banco anda a listar o seu stock de cunhas para ver a quem possa vender depressa e mal os salvados nele contidos, torna-se pertinente fazer o papel do operário letrado de Brecht e colocar algumas perguntas pertinentes a que o futuro dará decerto resposta:
· se politicamente a solução decidida pelo Banco de Portugal, com o acordo implícito do ministério das Finanças, terá sido uma opção legítima, também correspondeu à que melhor se ajustaria tecnicamente?
· alguma vez serão esclarecidas as responsabilidades de quem deveria ter cumprido escrupulosamente o papel de regulador e não o fez?
· alguma vez ficaremos a saber como é que esses suprassumos da excelência, que eram os senhores da troika, nunca deram por quanto se escondia por trás da imponente fachada do grupo GES?
· será que o deputado nuno melo, que tanto se fez ouvir durante o caso BPN, sairá do seu silêncio para fazer o papel do arauto dos indignados com os malefícios da Banca?
Há cada vez mais vozes a interrogarem-se sobre se não teria sido mais lógica uma decisão de nacionalização do «banco bom» se tal opção não pusesse as mentes de muita gente da direita a deitar fumo, temerosas do súbito regresso a 1975.
É que, se virmos bem o exemplo do BPN o problema não terá residido na nacionalização decidida por Teixeira dos Santos e José Sócrates, mas em como o governo de passos coelho se encarregou de desvalorizá-lo como forma de o entregar por tuta e meia aos amigos angolanos de mira amaral. Algo que tenderá a repetir-se agora com o Novo Banco e cujos efeitos nos deverão assustar, enquanto destinatários finais a quem a fatura final acabará por ser enviada para pagamento irrevogável.


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