Há uma dificuldade a ser contrariada pelo novo governo socialista que esperamos ver eleito em 2015 e liderado por António Costa: os comissários e o presidente do Conselho Europeu, que procurarão perdurar o ideário schaubliano nas instituições comunitárias e de que vítor gaspar, maria luís albuquerque e carlos moedas têm sido porfiados arautos.
Para que a economia portuguesa retome o crescimento e a competitividade perdidas desde o início do século, haverá que contar com ventos de mudança já percetíveis, mas contrariados pela visão fundamentalista dos cultores da austeridade.
No seu artigo de opinião desta semana no «Económico», João Galamba constata que “quando vemos Maria Luís Albuquerque dizer que ‘enfrentámos ao longo deste três anos a maior crise dos últimos 80 anos’ percebemos melhor o que se passa. Mais do que o dogmatismo ideológico de Vítor Gaspar, a atual ministra das finanças decidiu apagar da sua memória a verdadeira crise, a que começou em 2007/8, e inventou outra, que terá começado algures em Junho de 2011.”
Quando nos espantamos com o fanatismo dos que, em nome da religião, degolam jornalistas no Iraque, assassinam mulheres à porta das clínicas de aborto americanas ou bombardeiam civis inocentes em Gaza ou no Afeganistão, encontramos a mesma linha de pensamento dos que, no governo de passos coelho e de paulo portas, têm conduzido as políticas económicas de conluio com os enviados da troika. Em todos eles encontramos a mesma cegueira em interpretar racionalmente a realidade. Voltando ao mesmo artigo de Galamba, “Maria Luís Albuquerque não percebe que vivemos uma crise que é da exclusiva responsabilidade de quem, como ela, insiste em pôr em prática políticas que são tão absurdas e irracionais que até o BCE as contesta.”
Quem ainda continua a apoiar o PSD e o CDS poderá pensar que existirá aqui algum exagero ao associarem-se responsáveis políticos deste governo com quem vê as mãos manchadas pelo sangue das suas numerosas vítimas. Mas, se pensarmos em quantas pessoas se têm suicidado nestes três anos por terem perdido empregos e casas e se veem completamente abandonados por lhes serem negados os mínimos apoios sociais, poderemos concluir que as diferenças entre esses fanatismos só existem na aparência, porque, na realidade, saldam-se pelos mesmos efeitos. Para não falar do muito desespero, que se esconde por trás do silêncio pesado das paredes ou nos vultos adormecidos à noite na estação do Oriente ou nas avenidas da capital.
É por isso que em 2015 será fundamental erradicar tais desvairados da política nacional, valendo para tal um Partido Socialista forte e unido como o que António Costa promete reconstruir a partir do dia 29 de setembro. Por isso um dos seus pilares estratégicos passará por combater arduamente as tentativas de donald tusk e de comissários como carlos moedas para manterem as teses criminosas de hayek, o guru que lhes move todas as sinapses cerebrais.
Tem sido tenebrosa a herança, que passos coelho está a tratar de legar a quem lhe sucederá: para além da situação social calamitosa, da dívida soberana descontrolada e da estrutura produtiva de bens e serviços desajustada dos desafios do presente, ainda deixa para trás quem tudo fará para travar o rumo determinado pelo qual os portugueses quererão libertar-se do estigma do subdesenvolvimento para o qual estes três anos os quiseram condenar…
Perante a nomeação desse carlos moedas - que se adivinha como um dos principais culpados ideológicos por tudo quanto os portugueses têm sofrido - só podemos lamentar as cenas tristes a que António José Seguro se sujeitou ao validar com a sua presença inócua e com a não confirmada expectativa de algum consenso, o processo dessa designação inquinada á partida pela arrogância ignorante do ainda primeiro-ministro.
Sem comentários:
Enviar um comentário