A presença de Manuel Pinho nos noticiários desta terça-feira justifica algumas constatações que, nalguns casos, podem parecem contraditórias. Alinhemo-las por agora sem lhes dar um sentido definitivo quanto ao que representam:
- confirma-se a incompetência gritante do Ministério Público e dos atores da Justiça em geral, quando convocam o antigo ministro como arguido e desrespeitam anterior decisão judicial, que impedia os procuradores em causa de o fazerem;
- constata-se a vontade reiterada das direitas em cavalgarem a onda populista suscitada pelas notícias chocantes a respeito do ex-ministro sabendo de antemão, que ele escudar-se-ia legitimamente no segredo de Justiça para a nada responder de substancial;
- existe nalguns setores da vida nacional, representados pelo inquirido em causa, a vontade reiterada de acabar com o serviço público de audiovisual (RTP, RDP) fazendo crer que a sua subsidiação justifica a elevada fatura da eletricidade;
- lamenta-se a vontade de protagonismo de quem há muito justificou perdê-lo - Ana Gomes e João Cravinho - quando se põem em bicos dos pés e se fazem convidados para uma «festa» onde nada justifica a sua presença;
- mantêm-se as fortes suspeitas de, até muito recentemente - e as privatizações de Passos Coelho ainda são fruto dessa cultura -, grandes interesses privados colocarem os seus homens de mão nos governos para daí melhor criarem as condições, que lhes potenciassem maiores e mais obscenos lucros conseguidos à custa do prejuízo da grande maioria dos cidadãos.
Colateralmente houve ainda a audição a um professor do Técnico, Clemente Pedro Nunes, que se limitou a confirmar a existência nessa universidade de um núcleo duro de defensores da tese da inexistência de problemas climáticos («histórias da carochinha», assim as classificou o dito «especialista»), que tornariam absurda a aposta em energias renováveis. Razão para comprovar que não é só na América de Trump que existem estarolas dessa espécie...
Sem comentários:
Enviar um comentário