quarta-feira, 25 de julho de 2018

Propostas esdrúxulas enquanto sobem os salários


1. Ontem à noite Rui Rio deu uma entrevista à TVI e o que teve de novidade a propor roça o anedótico: que não conseguindo a aprovação do Orçamento, António Costa deveria demitir-se e permitir a formação de um governo PSD/CDS.
Desconheço quem possa estar a servir de spin doctor ao líder do PSD, ou se ele sequer conta com algum tão convencido está da sua autossuficiência, mas há uma unanimidade nos comentários jornalísticos ou das redes sociais: ele nada terá acrescentado de substancial ao cinzentismo que vem descolorindo a sua ainda breve liderança. E quanto ao que de mais esdrúxulo disse, não fosse o verão estar como está, poderíamos conjeturar se, durante a tarde, antes de comparecer à entrevista, não ele teria sido afetado por alguma insolação.
2. Não tenho pejo nenhum em dizê-lo: relativamente a Francisco Sá Carneiro acredito cumprir-se o ditado popular segundo o qual homem pequeno, ou velhaco ou bailarino. Como não consta, que ele deslumbrasse nos salões de baile...
Em todo o caso, o trazê-lo a lume (sei que a expressão pode insinuar piada fácil, mas escasseia-me o talento para o humor negro - ufa, lá saiu outra pilhéria!) tem a ver com o facto da concelhia de Lisboa do PSD ter exigido que, se Mário Soares tem direito ao Panteão, também se justifica o mesmo tratamento a ele.
Cabe questionar o porquê? De Mário Soares podemos enunciar o combate de décadas contra o fascismo, o ter tido papel determinante na integração de Portugal no espaço europeu, de continuar a ser o melhor presidente da República da nossa Democracia e, em fim de vida, ter esgotado as derradeiras forças na condenação do passismo-portismo.

O que fez Sá Carneiro, que mereça a injustificada pretensão laranja? Constituiu a AD para desfazer a Revolução de Abril mais aceleradamente? Convenhamos que não se trata de um currículo respeitável. Diria mesmo que constitui em si uma crestada nódoa!
3. Conhecido o teor do 9º Relatório de Acompanhamento do Acordo sobre a Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG) conclui-se que o emprego não só aumenta como os salários estão a subir: apesar de mais de setecentos mil portugueses ainda auferirem o valor mínimo, os novos empregos têm sido maioritariamente remunerados acima desse valor. O que dá razão aos que defendem a necessidade de se mostrar mais ambição na evolução dessa definição legal por muito que os patrões da (des)concertação social se mostrem renitentes. É que não só a economia justifica uma melhoria efetiva na qualidade de vida dos cidadãos, como já se viu o impacto positivo que o aumento dos salários comporta na dinâmica de crescimento do país.

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