sábado, 28 de julho de 2018

Onde quase dou razão à morgada, mas com uma enormíssima diferença


Houve aí um tempo em que uns quantos manipuladores andaram a querer-nos convencer em como já não se justificavam divisões entre esquerda e direita. Há quem ainda porfie nessa intenção como se viu na recente entrevista da morgada, que quer substituir a joana na procuradoria, acaso o governo imponha a Marcelo a substituição de quem possui tão graves responsabilidades no estado a que o setor da Justiça chegou entre nós.
Que a divisão em causa se justifica temos exemplos quotidianos, e basta comparar os títulos dos pasquins, sobretudo os da Cofina, com o que sabemos ser a realidade factual, que os desmentem, mas mal conseguem vencer o âmbito das redes sociais.
Peguemos no caso do vereador Robles da Câmara de Lisboa. Com dinheiro seu, da irmã, dos pais e de um empréstimo legitimamente contraído num Banco, adquiriu uma casa num bairro histórico de Lisboa. Depois pô-la à venda através de uma imobiliária, que não lhe concretizou o negócio nos seis meses de duração do contrato.  Vai daí retirou a casa do mercado, decidiu dividir a propriedade entre ele e a irmã para cada qual decidir o melhor fim para esse negócio, e decidiu arrendar todas as frações da parte que lhe cabe.
Onde há aqui algo de ilegal? E que contradição se pode encontrar em relação ao seu discurso permanente contra a especulação imobiliária na cidade e a expulsão do centro histórico de quem nele sempre habitou? Pelo contrário o casal de idosos que ali morava viu o contrato renovado por mais oito anos e a uma renda muito abaixo do que essa especulação ditaria (170 euros).
O que há aqui de esquerda ou de direita?
No caso de Robles houve o cumprimento da lei e uma postura ética inatacável! Pelo contrário os pasquins da Cofina e o PSD, que se apressou a pedir-lhe a demissão, lembram o ladrão que anda a fugir às responsabilidades dos seus atos e aponta para quem lhe está ao alcance para ver se distrai a atenção dos incautos.
A direita desespera por manter a lei, que Cristas criou quando foi ministra e deu azo à especulação de que Robles tem sido um dos mais insistentes críticos. A direita desespera - e os especuladores imobiliários como seus titereiros! - porque cresce a vontade política de acabar com os vistos gold criados e promovidos por Paulo Portas e a cuja pala tanta corrupção a alimentou. A direita desespera, porque sobra sempre quem se lembre dos negócios do Dias Loureiro, do Duarte Lima, do Cavaco Silva e de todos quantos cirandavam à volta deste último numa corte promíscua, que faz de Sócrates e dos seus alegados cúmplices uns meninos de coro.
A direita desespera, porque os seus crimes contra o Estado medem-se por muitos milhões e o melhor, que consegue forjar como casos atribuíveis às esquerdas na coligação ainda por desmantelar entre pasquins, procuradores e juízes são os que têm a ver com robalos e com suspeitas de valores incomparavelmente menores do que os que sabemos serem da sua lavra.
O que este caso demonstra é que nas direitas não basta ser corrupto para se ser desmascarado enquanto tal, mas nas esquerdas, além de se ser irrepreensivelmente sério, ainda tem de se enfrentar as traiçoeiras armadilhas, que o campo contrário não cessa de engendrar para iludir o que é a distinção entre a honestidade e a desonestidade. Nisso a morgada tem uma pontinha de razão, com uma diferença: os desonestos estão quase por inteiro situados nas direitas, enquanto nas esquerdas são exceção.

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