terça-feira, 3 de julho de 2018

Os exageros de quem apostava sobre tendências na política latino-americana


Há uns meses, sobretudo quando Lula começou a ser perseguido pelo aparelho judicial para que se frustre a reeleição como Presidente, notava-se o entusiasmo dos comentadores das direitas por aquilo que anunciavam como o crepúsculo das esquerdas por toda a América Latina.  Não só previam a queda iminente de Maduro na Venezuela como embandeiravam em arco com a derrota dos peronistas na Argentina ou com a vitória de um discípulo de Pinochet no Chile. Ademais congratulavam-se com a viragem política do sucessor de Correa no Equador e já reservavam garrafas de espumante para celebrarem o fim de Morales na Bolívia.
Afinal as expetativas vêm-se revelando por demais exageradas: não só se mantém a resiliência dos regimes cubano e venezuelano, como a ditadura judicialista no Brasil está longe de ser tido como ganha pelos tenebrosos executores. Mesmo preso e silenciado, Lula continua a merecer um apoio maioritário de quem se recorda como a qualidade de vida melhorou significativamente aquando da sua governação. Têm, igualmente, o exemplo do fracasso clamoroso da receita neoliberal implementada com vertiginosa rapidez pelo argentino Macri, que outro resultado não teve senão a bancarrota e o drástico empobrecimento da população.
Mas o que deve andar a dececionar os suspeitos do costume é a vitória de Lopez Obrador no México, que assinala uma viragem à esquerda num país gerido durante décadas por corruptos e cúmplices do crime organizado. Mesmo que se lhe adivinhe dificílima, sobretudo tendo em conta a dimensão atingida pelo crime organizado, a tarefa do novo presidente poderá irradiar para toda a América Latina uma vontade transformadora, que condicione eficientemente as ações criminosas de latifundiários e traficantes de droga.
Sempre quero ver se há algum lunático que, por estes dias, se atreva a dizer que as direitas progridem nos antigos quintais de Washington...

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