Que os Departamentos Centrais de Investigação e Ação Penal da esfera do Ministério Publico têm tido uma parcialidade partidária mais do que manifesta demonstra-o uma vez mais o caso Tecnoforma, que aqueles organismos nacionais decidiram arquivar por falta de fundamento de provas e o Gabinete Antifraude da Comissão Europeia ajuizou em sentido absolutamente contrário.
Segundo os auditores, mandatados pela Comissão para aferir os factos, Paulo Pereira Coelho (ex-dirigente da JSD e então presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro), Miguel Relvas (como secretário de Estado) e Passos Coelho (enquanto consultor e administrador da empresa) agiram fraudulentamente para favorecerem o projeto de formação de pessoal para aeródromos e heliportos. Para tal organizaram um carrocel financeiro de contratações e subcontratações destinado a receberem indevidamente fundos da União Europeia num montante de 6.747.462 euros. Verba que o referido gabinete antifraude propõe que seja devolvida, muito embora saibamos que atempadamente os que embolsaram tal pecúlio já cuidaram de declarar falência das empresas passíveis de virem a responder com os seus ativos por tal vigarice.
Os auditores europeus não tiveram dificuldade em detetar custos indevidos com casas de que a Tecnoforma era proprietária em Angola, bem como “veículos topos de gama, frigoríficos, arcas congeladoras, placas de aquecimento, televisores, geradores, máquinas de lavar roupa, colchões, armários e quadros, etc.”. Tudo evidências que os procuradores do Ministério Público não conseguiram ou não quiseram ver.
E por muito que Passos Coelho venha alguma vez proclamar a sua suposta honestidade - que, em tempos, até conseguiu iludir Mário Soares - estas conclusões agora conhecidas não deverão jamais ser esquecidas, por muito que fique ilibado criminalmente do seu conteúdo, por ele ter prescrito sem jamais se ver incomodado.
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