terça-feira, 21 de novembro de 2017

A preocupante situação da navegação no rio Douro

A propósito do texto «Um crime ecológico a agravar-se à nossa porta», publicado há um par de dias no blogue, o meu amigo e companheiro da mesma turma da Escola Náutica entre 1973 e 1975, José Manuel Pereira, fez um comentário muito interessante sobre as atuais dificuldades de navegação no rio Douro.
Porque ele faculta aqui informação substantiva sobre uma matéria cada vez mais relevante para a nossa economia - tendo em conta os impactos energéticos, turísticos e ecológicos, que estão em causa - aqui transcrevo o texto com o prévio agradecimento ao seu autor: 
“Desconheço a culpa e temo que morra solteira. Pode ser que seja de Espanha ou não, mas o que se verificou nos últimos dois anos no Douro, repito, é absurdo.
Calculo que exista um protocolo entre a entidade que gere hoje a navegabilidade do Douro a APDL, e a EDP, e desta com Espanha, para garantir que entre marcas, exista sempre água suficiente para que a navegação se faça em segurança. Mas isto não acontece amiudadas vezes, obrigando a cuidados redobrados e a riscos estúpidos corridos pelos mais de 20 navios hotéis e 30 diários que lá navegam.

Sem causa à vista, o Tua, chamamos nós ao troço entre Pinhão e a Barragem da Valeira, está sem água, enquanto que a montante desta a passagem sob a ponte ferroviária da Ferradosa se faz com imenso perigo de colisão com esta por causa da cota demasiado alta.
O Tua tem um percurso sinuoso que com pouca água se torna extremamente perigoso. Todos os dias roçamos as margens e o fundo. A popa vai lambendo as pedras, enquanto que os hélices levantam cascalho do leito. Cruzamentos entre embarcações são impossíveis, e devido, ao aumento de trafego resultam em atrasos. As eclusas com avarias frequentes também não ajudam nada.
O caos instala-se, e torna-se rotineiro. Logo a seguir, ou imediatamente antes, em mais de 50% das passagens sob a Ferradosa somos obrigados a fazer recolher os passageiros da ponte panorâmica superior para os pisos inferiores, obrigados a baixar, os varandins, tirar as cadeiras e baixar a cobertura, fazer lastro, passando a escassos milímetros do tabuleiro.
Procuramos em vão alguém que nos explique o porquê das cotas demasiado altas a montante da Valeira, e do Pocinho, e perigosamente baixas no Tua. Questionamo-nos sobre o "grande projeto para a navegação do Douro" que cada vez mais se vê ser apenas projeto. Nada muda. Uma coisa emerge contudo. A necessidade das nossas autoridades se debruçarem sobre o que se passa nos nossos rios, dê o trabalho e os conflitos que tiver que dar quer sobre os transvases quer sobre as descargas inusitadas.”


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