quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Capacidades oratórias em ambiente parlamentar

O post de anteontem intitulado «Afinidades Eletivas no que mais importa» em que se realçava a convergência das esquerdas na discussão do Orçamento para 2018, apesar de algumas discordâncias em matérias de relativa importância, mereceram muitos comentários de quem concorda no essencial com quanto ali ficou registado, ainda que com algumas ressalvas. De entre eles pretendo realçar dois, por se tratarem de respostas fundamentadas, que importa partilhar com um universo mais lato.
O primeiro veio assinado por Francisco Magalhães e diz o seguinte: «Simpatizo com Antonio Costa e acredito que é talvez um dos muito poucos políticos que temos bem intencionados, mas começo a ficar nervoso e algo cansado com a fraca prestação que tem revelado em rebater e fazer calar, de uma vez por todas, a direita fascizante que temos no parlamento.
Não gosto de fazer comparações, mas, Sócrates já os tinha arrasado e remetido ao lugar a que pertencem....! que saudades tenho daqueles debates na AR, onde José Sócrates, ora os flambava em lume brando, ora os torrava nas chamas alterosas dos ataques e dos golpes sujos com que eles procuravam derrubá-lo, com menos convicção de vencer, á medida que os debates se sucediam, e, já mais para o fim, não conseguindo disfarçar a crispação e a raiva mal contidas, que lhes iam na alma, estampadas nas expressões faciais com que se apresentavam, e no desnorte de um discurso politico que se revelava cada vez mais ineficaz, acabando invariavelmente, a sair de gatas da arena parlamentar, onde José Sócrates, mais uma vez, os havia vencido, e humilhado....!»
Longe de mim contestar o elogio ao anterior primeiro-ministro socialista, que tenho apoiado quer na época em que exercia o cargo, quer depois, quando se viu vitimado por uma campanha mediática e judicial, da qual espero que venha a sair inequivocamente inocentado. Mas considero que, embora diferente, António Costa também é um excelente tribuno parlamentar com intervenções muito duras para com os líderes das direitas, quase sempre atirados ao tapete por argumentos sem grande contestação.
Ademais, nesta segunda-feira, António Costa confiou a Pedro Nuno Santos a intervenção final antes da votação decisiva do Orçamento e todos pudemos escutar uma peça de oratória notável, muitos furos acima de quantas ali tinham sido produzidas durante a tarde. Pessoalmente deu-me para confirmar o que já pensava sobre quem mais se adequa para futuras lideranças do Partido Socialista quando o atual secretário-geral concluir o trabalho e decidir apostar em voos ainda mais altos.
O segundo comentário, que pretendo realçar, é o de Manuel Ferreira: « Não tenho dúvidas quanto ao desejo expresso pelo amigo Jorge Rocha. Sou dos "velhos" Socialistas com cerca de 40 anos de militância e muito trabalho feito nas estruturas do PS.
Há por aí umas vozes, poucas, que saltam do alinhamento geral que o PS cultiva. Mas esses não têm significado e só a pluralidade vivida no seio do PS impede que sejam demitidos. São conhecidos, por isso estamos atentos.
O PS encontrou em António Costa um Socialista com princípios inatacáveis. Já errou algumas vezes?. Errou, com certeza. Mas, como se costuma dizer, só erra quem sabe. É muito difícil a tarefa do atual Governo. Por um lado tem de desfazer as injustiças que o anterior provocou. Por outro lado terá (…) - o que já começou - de redistribuir a riqueza do país para os que menos têm possam passar a viver condignamente. Eu confio!»
Concordo plenamente com o Manuel Ferreira dando razão ao ditado que diz só não errar, quem não faz. Por isso, mais importante do que ter aqui e além algum percalço, o fundamental é não perder de vista o objetivo pretendido, aprendendo com quanto possa momentaneamente tê-lo dificultado.

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