terça-feira, 7 de novembro de 2017

Destemperos, clandestinidades e regressos ao passado

Porque não se cala?
É uma regra muito comum nos socialistas: sempre que estão no poder surgem sempre uns quantos desgarrados a servirem de idiotas úteis a quem anseia por os amesquinhar. Desta vez foi Miranda Calha que, porventura agastado com a irrelevância da sua participação no grupo parlamentar, veio defender o fortalecimento dos poderes presidenciais nas áreas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
Se Marcelo já usa e abusa dos penachos imagine-se se ainda lhe atribuíam mais uns quantos!
A reversão do nome de Volgogrado
No seu périplo pela Rússia, Manuel Carvalho chegou a Volgogrado e dá conta da grande simpatia, que parte substancial dos seus habitantes da cidade manifesta pelo regresso ao nome de Estalinegrado. A razão está no facto de ter sido sob esse nome, que os exércitos nazis ali se mostraram incapazes de avançar, iniciando-se a inflexão da dinâmica belicista, que acabaria por os derrotar.
Numa mera lógica de branding as vantagens de Estalinegrado sobre Volgogrado são evidentes: já todos ouviram falar da primeira, quase ninguém conhece a segunda. Sendo de somenos importância o que possa ser lido como homenagem ao presidente que, pese embora todos os crimes de que é acusado, foi heroico no combate ao fascismo mobilizando os compatriotas para a missão sagrada de livrar o país dos seus ocupantes.
Como Putin simpatiza com a ideia, os que têm ganho balúrdios a maldizer Estaline vão-se roer de raiva por, apesar dos seus esforços, não conseguirem demover os russos de recuperarem os aspetos positivos de um dos seus mais amados líderes. Como eu próprio comprovei no final da década de setenta quando, em Tuapse, ouvi vários interlocutores elogiarem o mal afamado líder e criticarem asperamente o então inoperante Brejnev.
Aparências que parecem mais do que isso
Que existem - ou existiram? - afinidades eletivas entre os próximos de Donald Trump e os de Vladimir Putin já poucas dúvidas restam. Por isso mesmo nem sequer chega a surpreender a clandestina sociedade entre o multimilionário escolhido pela atual Administração da Casa Branca para secretário de Estado de Comércio e o genro do Presidente russo numa empresa de navegação agora denunciada pelo consórcio de jornalistas do Panama Papers.
A maior curiosidade será a de acompanhar nos tempos vindouros a crescente assumpção dos apoiantes de Trump, normalmente eivados de um anticomunismo fanático, com o envolvimento indisfarçável do seu herói com o campo inimigo por muito que nós saibamos o quão distante está Putin da ideologia soviética. Mas isso são minudências que as cabeças quadradas trumpianas não conseguem apreender…
Quando políticos legitimamente eleitos são aprisionados
Afinal os que se entusiasmavam com a possibilidade de Rajoy ter resolvido a crise catalã à bruta, de acordo com os seus tiques franquistas, já estão a temer a forte probabilidade de os independentistas voltarem a contar com a maioria absoluta no Parlamento eleito a 21 de dezembro só vendo reforçada a legitimidade dos seus intentos. Como escreve a diretora de um jornal catalão, os muitos erros cometidos por Puigdemont nestes dias são sempre compensados pelos que Rajoy e a Justiça (?) castelhana vão acumulando. E já ninguém arrisca quem, no fim, sairá por cima… 

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